terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

DIREITOS HUMANOS - Dep. Rubens Paiva foi assassinado após tortura na Ditadura

Documentos indicam que Rubens Paiva foi morto sob tortura

Ex-deputado federal teria morrido no Doi-Codi do Rio de Janeiro.
Comissão da Verdade concluiu circunstância após analisar arquivos.

Priscilla Mendes

Caso Rubens Pàiva (Foto: Reprodução Globo News)

 (imagem - foto em preto e branco do Ex-deputado Rubens Paiva - arquivo Globo News)

Documentos analisados pela Comissão Nacional da Verdade apontam que o ex-deputado federal Rubens Paiva foi morto sob tortura nas dependências do Departamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) no Rio de Janeiro, informou nesta segunda-feira (4) a assessoria da comissão

“Ele morre nos porões do Doi-Codi pelas mãos do Exército”, disse o coordenador durante entrevista coletiva na sede da CNV, no Centro Cultura Banco do Brasil, em Brasília.



De acordo com Fonteles, a comissão está elaborando um calendário para colher depoimentos de pessoas envolvidas no caso. Agentes do Doi-Codi e militares da Cisa poderão ser procurados para esclarecer as circunstâncias da prisão e chegar ao nome da pessoa que executou a ordem de matar o ex-deputado.

“Primeiro vão saber se estão mortas ou vivas. Estando vivas, aí sim começa o trabalho de depoimentos”, disse o coordenador. “Quem matou, na verdade, não há dúvida. Foi o Estado ditatorial militar, esse sistema mata, dá a ordem de matar. Agora, alguém deu o tiro, deu o soco, bateu o porrete. Isso aí eu ainda quero ver se consigo chegar”, afirmou Fonteles.
Documentos encontrados
A comissão analisa a fundo o caso desde que documentos encontrados na casa do coronel Júlio Miguel Molinas Dias, assassinado em Porto Alegre (RS), confirmaram que Paiva foi preso no Doi-Codi por uma equipe do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa), em 20 de janeiro de 1971.
De acordo com Fonteles, o Informe SNI 70 desmonta a versão oficial do Exército na época, segundo a qual Rubens Paiva teria fugido ou sido seqüestrado por terroristas enquanto estava sob custódia para prestar esclarecimentos. Até hoje, Paiva é tido oficialmente como foragido.
O informe, datado de 25 de janeiro 1971, não faz menção à suposta fuga ou seqüestro de Paiva, que teria ocorrido três dias antes. “Tivesse acontecido, de verdade, 'a fuga' é, por óbvio, esse evento constaria desse pormenorizado registro”, afirmou Fonteles em texto divulgado nesta segunda-feira.
A comissão se baseia, entre outros depoimentos, no de um tenente médico do Exército, Amilcar Lobo. Em 1986, à Polícia Federal, o médico disse ter sido chamado em janeiro de 1971 para atender Rubens Paiva, o qual estava com o “abdome em tábua” – o que pode caracterizar uma hemorragia abdominal na linguagem médica, segundo Fonteles. Lobo teria recomendado que Paiva fosse hospitalizado, mas teria sido informado no dia seguinte que o ex-deputado havia morrido.
“O Estado Ditatorial militar, por seus agentes públicos, manipula, impunemente, as situações, então engendradas, para encobrir, no caso, o assassinato de Rubens Beyrodt Paiva consumado no Pelotão de Investigações Criminais do Doi-Codi do Exército”, afirmou Fonteles em texto.
Além do depoimento do médico, Fonteles se baseou na narrativa de Cecília de Barros Correia Viveiros de Castro, que também foi presa no Doi-Codi. “Temos o depoimento fortíssimo de uma senhora, Cecília Almedia de Castro, que conhecia pessoalmente o Rubens Paiva, era professora de suas filhas, pegava carona com ele e que o viu ensangüentado. Depois, em sala próxima, o viu pedindo água e um médico, portanto caracterizando que ele estava no Doi-Codi e já sofrendo tortura”, afirmou o coordenador.
fonte - http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/02/documentos-indicam-que-rubens-paiva-foi-morto-sob-tortura.html

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