quarta-feira, 27 de novembro de 2013

TECNOLOGIA ASSISTIVA/SURDOS - Inventada uma pulseira para tradução de fala e gestos de Língua de Sinais

Estudantes criam protótipo de pulseira que traduz linguagem de sinais

Ilustração do funcionamento dos acessórios na tradução da linguagem de sinais. (Foto: Divulgação/Asia University)
(imagem - desenho com a pulseira no canto esquerdo, de cor preta, escrito I am Judy, que está presa no braço de um rapaz surdo, que se comunica com as mãos através da Língua de Sinais, e diz I am John , e a pulseira em seu braço capta a tradução da fala de sua interlocutora, uma moça desenhada no canto direito, sentada e escrevendo - foto reprodução Asia/Universtity)

Estudantes da Universidade da Ásia criaram um conceito capaz de diminuir as barreiras de comunicação com deficientes auditivos através da linguagem de sinais. Batizado de Sign Language Ring, este dispositivo é composto de uma pulseira e 6 anéis, que funcionariam como um tradutor de gestos para fala e vice-versa.

O design foi inspirado nos colares budistas usados em orações. Quando vestidos, o usuário teria que colocar 3 anéis em cada mão, que, com sensores de movimentos, interpretariam o que o deficiente estivesse falando, emitindo a tradução por uma caixa de som na própria pulseira. Os anéis poderiam ser presos à própria pulseira, facilitando o transporte e não exigindo o uso constante pelo usuário. 
O sistema também teria ainda um microfone, com o intuito de captar o que a outra pessoa fala, traduzir para texto e exibir em uma pequena tela de LED presente na pulseira. O sistema também permitiria ao deficiente gravar movimentos próprios, personalizando o equipamento com movimentos específicos do usuário.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 360 milhões de pessoas no mundo são deficientes auditivos. Dispositivos como esse poderiam facilitar a inclusão dessas pessoas na sociedade. O conceito foi um dos vencedores do prêmio de design Red Dot, que é realizado anualmente. Agora é torcer para que algum dia ele se torne um produto e chege ao mercado.    ( Para o TechTudo)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

SAÚDE PÚBLICA/SUS - Pesquisa comprova distribuição equànime de remédios no SUS, mas desigualdades permanecem

Estudo indica diminuição das desigualdades no acesso a medicamentos no SUS

Mesmo assim, mais da metade da população não tem acesso gratuito aos remédios de que necessita
De acordo com o estudo, dos 19.427 indivíduos entrevistados, 7.111 (35,9%) não receberam gratuitamente os medicamentos receitados

(imagem - foto da divulgação com diferentes cápsulas, dráges e comprimidos, com predominância de cápsulas da cor amarela. © ROOT66/WIKI COMMONS)  

A oferta de medicamentos de forma equânime, contínua e em quantidade adequada às necessidades da população continua sendo um desafio a ser superado pelo Sistema Público de Saúde (SUS). Em estudo publicado na revistaCadernos de Saúde Pública, pesquisadores das universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, e da Australian Research Center for Population Oral Health, na Austrália, avaliaram a prevalência e os fatores associados ao acesso a medicamentos no SUS por usuários que tiveram prescrição médica ou odontológica no próprio sistema público.
Eles verificaram que, dos 19.427 indivíduos entrevistados, 7.111 (35,9%) não receberam os medicamentos receitados – a Região Norte foi a que teve a menor taxa no acesso (37,2%) –, enquanto 3.615 (18,7%) tiveram acesso a apenas parte dos fármacos de que precisavam. Dos 10.726 indivíduos que não tiveram acesso total aos remédios prescritos, 78,1% recorreram ao setor privado, enquanto 8,8% ficaram sem os medicamentos por não terem dinheiro para comprá-los.
Em contrapartida, uma quantidade significativa de entrevistados – 45,3% do total – recebeu os remédios gratuitamente na rede pública, sendo maior a prevalência de acesso entre os moradores da Região Sul (56%), de cor de pele preta (20%) e parda (12%), de baixa renda (59%) e menos escolarizada (65%), além daqueles com domicílio cadastrado na Estratégia Saúde da Família (24%).
De acordo com a farmacêutica Alexandra Crispim Boing, da UFSC e pesquisadora responsável pelo estudo, não há dúvidas de que o acesso a medicamentos de forma gratuita é maior entre a população de menor renda, por estar relacionado à sua maior dependência em relação ao SUS. “Para essas pessoas, o sistema público ainda é a principal alternativa para viabilizar o tratamento”, destacou. Na sua avaliação, o problema principal está na disponibilidade de medicamentos e não na falta de informação.
Se os indivíduos recebessem seus medicamentos assim que saíssem do consultório não teríamos problemas de acesso”, disse. A pesquisadora ressaltou que nos casos de fármacos que precisam ser obtidos por meio de algum programa governamental, como os medicamentos de alto custo, os pacientes têm necessariamente de ser orientados pelos profissionais de saúde.
Também a Estratégia Saúde da Família – programa lançado pelo Ministério da Saúde em 1994 com objetivo de fortalecer a atenção básica à saúde – tem grande potencial na promoção do uso racional de medicamentos, segundo a pesquisadora. “É preciso fazer com que os pacientes recebam os remédios apropriados à sua condição clínica, sim, mas em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período de tempo adequado e ao menor custo possível para si e para a comunidade”, explicou. Apesar das diferenças regionais e dos avanços na política farmacêutica no país, ainda são necessárias melhorias em relação à promoção do uso racional, além da participação da equipe multiprofissional e do farmacêutico.
Atualmente, os medicamentos representam a maior parte dos gastos privados em saúde no Brasil, sobretudo entre os mais pobres. “O comprometimento de renda com medicamentos, especialmente os não programados, pode levar famílias a riscos de saúde ainda maiores, como a redução da compra de alimentos”, disse a pesquisadora.
Artigo científico BOING, Alexandra Crispim et al. Acesso a medicamentos no setor público: análise de usuários do Sistema Único de Saúde no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, n. 4, abr. 2013.
FONTE - http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/05/13/estudo-indica-diminuicao-das-desigualdades-no-acesso-a-medicamentos-no-sus/

domingo, 24 de novembro de 2013

SAÚDE MENTAL/MANICÔMIOS - Descoberta de celas de tortura revela o Hospital de Neuropsiquiatria Infantil em BH

Hospital psiquiátrico infantil abrigou salas de tortura em BH

Hospital psiquiátrico infantil abrigou salas de tortura em BH
(imagem - foto de uma cela forte, um cubículo, agora em escombros, que servia para o castigo e a reclusão de pessoas, jovens com sofrimento psíquico, durante longo tempo, como parte da história de um manicômio, mais um, em Minas Gerais - fotografia colorida de Priscila Musa)

Mais que o glamour de um prédio de arquitetura neoclássica, o casarão construído na rua Manaus, 348, no bairro Santa Efigênia, esconde uma fase de clausura, terror e sofrimento de pequenos internos entre os anos 1947 e 1979 – período no qual a edificação abrigou um Hospital de Neuropsiquiatria Infantil.
Este é um espaço de sofrimento e essa história precisa ser contada”, exige, comovido, um ex-paciente do hospital, que pede anonimato. Já aposentado, o homem revela que foi internado na unidade de saúde aos 5 anos de idade.
“Eu só estou vivo porque consegui fugir pelo telhado. Eu ouvia os gritos das pessoas e muitas vezes passei pelo eletrochoque”.

Memória
Entre os escombros do casarão, que ficou fechado por quase duas décadas, há um corredor de 182 metros de extensão localizado no primeiro andar. Lá, são encontrados cômodos de aproximadamente 15 metros quadrados, com paredes cheias de rabiscos de pequeninas mãos, nomes e desenhos. Não há circulação de ar porque as janelas foram lacradas com tijolos. Um ambiente que causa desconforto físico e moral - tortura, segundo definição no dicionário da Academia Brasileira de Letras.

No final do corredor há outra pequena abertura. A partir dela, descobre-se um labirinto que chega em novas celas, algumas com grades nas janelas lacradas com cimento. Frascos de remédio, ferramentas, sapatos de criança e brinquedos estão espalhados pelo chão.
Eu não apanhava tanto porque ficava muito quieto, mas as crianças mais agitadas iam para o primeiro andar. Algumas não voltavam mais. Os médicos diziam que a família os tinham buscado, mas eu nunca soube se isso era verdade”, conta o ex-interno.

O presidente da Fundação Mineira de Psiquiatria, Maurício Leão, afirma que ambientes insalubres, como os descritos acima, podem prejudicar a saúde mental. “É por isso que hoje a vigilância sanitária é tão severa em suas fiscalizações”.

Descoberta
O desvendar desse espaço até então desconhecido só começou a ser feito há 30 dias, quando artistas e intelectuais ocuparam o casarão, batizado de Espaço Comum Luiz Estrela .Logo nos primeiros dias, criou-se um grupo composto por uma arqueóloga, um historiador e uma arquiteta. Imediatamente eles fecharam a entrada para os espaços apontados como sítio arqueológico urbano.

“Cada cômodo que encontramos é como um arquivo com documentos. É preciso avaliar com cuidado um a um, em um trabalho que exige minúcia e responsabilidade”, explica a arqueóloga Camila Jácome. Como legítimo guardião da memória, o grupo trabalha em um projeto de pesquisa que será apresentado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) nos próximos dias.

Eletrochoques eram comuns

A partir dos anos 1930 e até o fim da década de 1970, tratamentos como a lobotomia e o eletrochoque eram comumente utilizados em hospitais psiquiátricos. O presidente da Fundação Mineira de Psiquiatria, Maurício Leão, reitera no entanto que ambos são tratamentos que contribuíram para a evolução da medicina. “Em alguns casos, evidentemente, esses tratamentos foram usados com recursos e de maneira distorcida, mas têm em sua essência o dever de contribuir para a qualidade de vida do ser humano”, explica ele. Hoje a psicocirurgia é considerada como a evolução da lobotomia e o eletrochoque ainda é utilizado em muitos casos.


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OS MORTOS-VIVOS DO HOSPICIO QUE ENSINAVAM AOS VIVOS SOBRE A VIDA NUA... BARBACENAS NUNCA MAIS! http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/10/os-mortos-vivos-do-hospicio-que.html

sábado, 23 de novembro de 2013

SAÚDE MENTAL/MEMÓRIA- Cientistas estudam papel das recordações como terapêuticas para Alcoolismo e Depressão

Memória terapêutica

Cientistas descobrem que a depressão, o alcoolismo e a obesidade podem ser tratados com a ajuda das recordações dos pacientes 

A possibilidade de recorrer às lembranças armazenadas na mente para ajudar no tratamento de doenças é tema de um conjunto robusto de estudos recentes. Há experimentos nessa linha visando melhorar o tratamento da depressão, do alcoolismo e até para ajudar as pessoas a planejar melhor o seu futuro.
Monica Tarantino

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Um dos trabalhos mais interessantes foi feito pelo cientista Tim Dalgleish, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e teve como alvo a depressão. Primeiramente, Tim e seus colegas convidaram pacientes a reunir 15 recordações positivas. Pesquisas anteriores haviam indicado que recordar situações felizes melhora o humor de quem convive com a enfermidade. Além de comprovar esse dado, os pesquisadores queriam saber qual seria a estratégia mais eficiente para facilitar o acesso a esse banco de boas lembranças e mantê-las vívidas, uma vez que a doença tende a apagar seu brilho. Por isso, o segundo passo foi pedir aos voluntários que organizassem as lembranças empregando métodos diferentes. Enquanto uma ala associou suas reminiscências a um local ou objeto que pudesse ser usado como um gatilho para trazê-las à tona (a visão de um prédio no caminho do trabalho, por exemplo), a outra as agrupou por semelhança. “Aqueles que usaram a técnica de vincular as memórias a locais ou objetos tiveram resultados significativamente melhores”, concluiu Dalgleish.
Autora de pesquisas polêmicas, a psicóloga Elizabeth Loftus, da Universidade da Califórnia (Eua), estuda de que modo a criação de falsas memórias pode ser útil no controle do alcoolismo e da obesidade. Com esse objetivo, recrutou 147 universitários que se dispuseram a responder a um questionário sobre os seus alimentos e bebidas preferidos antes dos 16 anos. Foram também estimulados a relatar se alguma vez passaram mal após tomar muita vodca ou ingerir rum e questionados se isso realmente aconteceu.
Uma semana depois, receberam seus perfis traçados pelos pesquisadores. Embora a maioria dos textos se restringisse às informações dadas pelos jovens, alguns continham relatos falsos de enfermidades sofridas na adolescência por causa de consumo excessivo de rum ou vodca. Após recontar o que tinha acontecido e preencher outro questionário, cerca de 20% dos participantes realmente assumiram essas memórias inventadas como verdadeiras. A maioria deles reduziu o consumo da bebida associada ao mal-estar. Em trabalhos anteriores, a cientista havia constatado que pessoas que acreditam ter ficado doentes na infância por ter ingerido determinado alimento passavam depois a evitá-lo. “Imaginamos que usar essa engenharia da mente pode direcionar as pessoas para uma vida mais saudável”, disse a pesquisadora.
A estratégia de criar falsas memórias desperta críticas. Mas a cientista ressalta que esse pode ser um recurso para usar a maleabilidade da memória a nosso favor. “O que é preferível: um garoto saudável com um pouco de falsa memória ou com diabetes e obesidade?”, questiona Elizabeth. Experimentos como esse despertam a atenção da comunidade científica. “São pesquisas valiosas para se conhecer melhor os mecanismos da memória”, diz a neurologista Dalva Poyares, da Universidade Federal de São Paulo.
Na Universidade de Harvard (Eua), o cientista Daniel Schacter investiga as semelhanças entre o que se passa no cérebro quando lembramos de acontecimentos do passado e o que imaginamos para o futuro. Com exames de imagem, ele constatou que as duas situações mobilizam as mesmas áreas, como o hipocampo e o córtex pré-frontal. “Portanto, não é surpreendente que alguns desses eventos imaginados possam realmente se transformar em falsas memórias”, disse Schacter à ISTOÉ.
O cientista também estuda maneiras de fazer com que as pessoas comecem a usar o banco de lembranças para que consigam planejar o futuro e tomar as melhores decisões. “Quando usamos as informações guardadas na memória, ficamos mais propensos a ser menos impulsivos e mais ponderados nas decisões a longo prazo”, garante o pesquisador. No Brasil, o cientista Ivan Izquierdo, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e mundialmente reconhecido por suas investigações sobre a memória, testa, em animais, métodos para impedir que lembranças traumáticas subam à tona. “No futuro, essas técnicas poderão ser aplicadas no tratamento de males como estresse pós-traumático, no qual é imprescindível lidar melhor com o evento que causou o problema”, explica Izquierdo.
Fotos: Rafael Hupsel/Ag. Istoé; Gilson Oliveira/Divulgação PUCRS f

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

RACISMO/NEGROS - Para além das cotas os universitários negros enfrentam racismo

Mesmo com avanço pelas cotas, negros enfrentam racismo na universidade

Apesar da gradual entrada do negro no mercado de trabalho e na educação, o caminho para a superação do racismo ainda é longo

Política de cotas garantiu mais oportunidade para os negros no ensino superior Foto: UFRGS / Divulgação
(imagem - foto colorida da reportagem, com uma jovem negra apontando para um mural, com outros estudandes não negros à sua volta, em espaço universitário, fotografia da UFRGS)

A luta pela valorização do povo afro-brasileiro, relembrada nesta quarta-feira, no Dia da Consciência Negra, ainda encontra obstáculos dentro da universidade. Mesmo que as cotas tenham representado um significativo avanço na inserção do negro no ensino superior, especialistas ainda percebem um forte racismo dentro das instituições.
A questão é muito maior que a própria universidade. O preconceito racial está incrustado na sociedade brasileira, por mais velado que esteja. Apesar da gradual entrada do negro no mercado de trabalho e na educação, o caminho para a superação do racismo ainda é longo, acredita a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Maria José Cordeiro, a Maju.
"O negro não é mais só consumidor, mas gerador. Agora ele está do outro lado. As cotas colocaram negros qualificados no mercado de trabalho", afirma Maju. Em agosto, celebrando um ano da política de cotas nas universidades e institutos federais, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que o Programa Universidade para Todos (Prouni) mudou a história dos negros no ensino superior. "Em 1997, somente 2,2% de negros frequentavam o ensino superior. Atualmente, são mais de 10%. Com o ProUni, de 1,2 milhão de contratos, mais de 630 mil são bolsistas negros", disse.
O último levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de 2012, aponta que 35% dos matriculados em cursos de graduação no País são pretos ou pardos, enquanto 62% são brancos - mesmo índice de 2011. O Norte e o Nordeste são as regiões com maior percentual de universitários negros: 63% entre os nortistas e 57% entre os nordestinos. Na região Sul, apenas 10% é preto ou pardo, contra 89% de brancos. Já no Sudeste, 27% dos que frequentam o ensino superior são negros, e no Centro-Oeste, 40%.
Jocélio Teles, professor do departamento de antropologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ressalta o crescimento da participação de negros em cursos que tradicionalmente formam brancos, como medicina, arquitetura ou administração. Nas graduações em que já havia uma significativa participação de afro-brasileiros o crescimento foi menor.
A entrada do negro em ambientes que foram historicamente de brancos traz também o choque e o preconceito como consequências. "O racismo institucional é muito mais difícil de ser combatido, é inerente ao próprio dia a dia das instituições. Tem muita gente trabalhando junto e isso acaba existindo", diz Maju.
A pesquisadora do Núcleo de Estudos Negros da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Joana Passos diz que o racismo segue desafiando negros e indígenas. "O racismo não desapareceu da sociedade brasileira, sendo assim, também não desapareceu da universidade", afirma. Para ela, a estratégia para se superar esse problema é falar sobre o tema e fazer com que as pessoas percebam que ele, junto a questões econômicas e de gênero, estrutura as desigualdades do Brasil. Joana aponta a devida punição, a instituição de programas anti-racismo e a implementação da Lei 10639/03, que obriga o ensino da história e da cultura afro-brasileira na educação básica e ensino superior, como medidas necessárias para um avanço na área.
Pesquisa
Muitos cotistas procuram se integrar a grupos e núcleos de pesquisa para se apropriarem melhor das questões raciais na sociedade brasileira. Mas é preciso que as próprias universidades propiciem isso, afirma a professora. Teles ressalta que é mais comum estudantes negros organizarem eventos e ações pontuais para a conscientização sobre o assunto. De toda forma, não há cobrança de que cotistas se voltem às suas comunidades ou questões étnico-raciais com suas pesquisas. São muitos alunos e bolsas de pesquisa e, naturalmente, não é todo orientador que trabalha com racismo.
"Os estudantes negros e indígenas são estudantes como todos os demais. Eles precisam se sentir livres para a produção acadêmica", diz Joana.
Década Internacional de Afrodescendentes
No último dia 11, o Centro de Informações das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio) antecipou o lançamento de uma campanha para a aprovação da Década Internacional de Afrodescendentes.
A aprovação por parte da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) garantiria o estabelecimento de uma década que promova o fim do racismo, da discriminação e da xenofobia.
LEIAM TAMBÉM MEUS TEXTOS SOBRE RACISMO NO BLOG INFOATIVO.DEFNET  

RAÇA, RACISMO E IDEOLOGIA: ZUMBI ERA UM VÂNDALO, UM BLACK O QUÊ? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/11/raca-racismo-e-ideologia-zumbi-era-um.html

domingo, 17 de novembro de 2013

RAÇA/POLÍTICAS DE SAÚDE - Estudo antropológico discute identidade racial e racialização de negros na saúde

Estudo analisa vigência de diferença racial na Saúde

Em entrevista, pesquisadora discute construção de identidade racial

A partir da Antropologia Política, Elena Calvo Gonzalez, antropóloga e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), pesquisou de que modo a identidade racial entre pessoas negras se constrói no âmbito de Políticas Públicas de Saúde.     Em um de seus questionamentos ela propõe: “A noção de diferença do corpo negro está sendo usada por quem? Com que propósito?”. Em entrevista ao “SOMOS”, a pesquisadora conversa sobre o recorte do trabalho que vem sendo conduzido, desde 2008, com a análise de tecnologias de diagnóstico na medicina e esclarece por que é importante pensar “raça” com um construto da nossa sociedade.
 Edvan Lessa – De que maneira analisou a construção de identidades dentro do campo da saúde?
Elena Calvo-Gonzalez – O objetivo era realizar um estudo etnográfico que olhasse para o impacto das políticas públicas na constituição de identidades e noções raciais. A pesquisa começou ao tentar entender a associação entre a doença falciforme e a população negra; quais as implicações dessa contínua associação percebida em materiais do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde Municipal e em discursos cotidianos.  Entrevistamos famílias que tiveram filhos submetidos ao teste do pezinho - que identifica a doença em crianças recém-nascidas, médicos, funcionários do campo da saúde, pessoas do Movimento Negro; percebemos que há vários discursos sobre classificação racial, inclusive pairando concomitantemente. Isto é, o de uma pureza negra e uma pureza branca e um discurso da miscigenação – como, por exemplo, de que todo brasileiro é miscigenado. Você teria um negro que em aparência seria negro, mas que também teria algum grau de miscigenação.
Edvan Lessa – Um discurso predomina em relação a outro?
Elena Calvo-Gonzalez – A nossa hipótese de trabalho é que esse tipo de noção sobre pureza racial branca e pureza racial negra que data do século 19 nunca foi, digamos, deixada de lado, apesar do discurso de miscigenação ser mais forte.  Na verdade não há a substituição de um sistema de classificação por outro. E sim, discursos que estão mais frequentes.  As pessoas vão incorporando essas informações dentro de estoques de conhecimento sobre o que seria a raça, tanto na família quanto no país. Percebe-se uma acumulação de saberes. Além desses discursos, há o de que todo miscigenado tem algum descendente negro.
Edvan Lessa – Além da doença falciforme, também se atribui marcadores raciais à hipertensão e ao procedimento para coleta de sangue, segundo seu trabalho...
Elena Calvo-Gonzalez – Apesar de médicos falarem que existiam especificidades raciais no caso da hipertensão, clinicamente não se pode levar isso para o paciente. Há uma questão epidemiológica e há vários fatores que podem levar a essa situação. Os médicos falavam disso até em termos genéticos. Mas todas essas questões, apesar de estarem no discurso das consultas, quando se tratavam dos casos específicos, não eram colocadas. Eram mais ideias que o médico tinha e que não eram aplicadas no protocolo.
Edvan Lessa – E em relação ao hemograma?
Elena Calvo-Gonzalez – Sobre a terceira tecnologia que eu analisei, já havia uma discussão sobre valores de referência específicos a população negra na contagem de leucócitos. Mas um documento no qual há certos valores de referência em termos raciais está contribuindo com uma noção de que existem raças dentro de diferentes corpos. Eu fui analisar a contagem de leucócitos e me concentrei politicamente em duas questões. A primeira era a necessidade colocada por alguns representantes de grupo de trabalho Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde, para adequar todas essas ferramentas às características da população local; há uma luta para se ter um perfil de saúde para essa população, era colocado que os valores de referência eram da população branca, portanto menores em relação à população negra. Em média uma contagem de leucócitos menor. Isso é uma doença e também pode ser uma condição natural que é usada dentro de processos políticos na marginalização de grupos. Isso se dá em conceitos laborais e acesso a certos setores. Ter uma leucopenia era tido como uma doença incapacitante, mas o acesso a certas substâncias químicas da indústria causa esse tipo de problema. Ao mesmo tempo em que se barrava um indivíduo por uma doença preexistente, uma característica do corpo negro, este era um modo das indústrias negarem a doença provocada por tóxicos industriais.
Edvan Lessa – Historicamente, a medicina lida com esse conceito de raça.
Elena Calvo-Gonzalez – Você pode utilizar esses valores de referência para pensar em processos políticos em relação à atenção à saúde mais adequada à população negra. Só que é preciso cuidado, por que essa noção da diferença do corpo negro em termos raciais médicos pode ser usada por diversos setores. De que maneira politicamente a noção da diferença do corpo negro está sendo usada, e por quem? Para que? Qual o objetivo e como as pessoas estão incorporando os resultados? Existe, sim, uma diferença de corpo negro e o corpo branco, mas a gente precisa pensar nesse processo de racialização em diversos momentos. É preciso dar atenção ao contexto médico, onde se tem um há uma vigência de diferença racial e um processo de racialização forte, pois o que a medicina diz em relação aos corpos é que é tomado como uma fonte de verdade.
Edvan Lessa – A racialização só diz respeito à população negra?
Elena Calvo-Gonzalez – Racialização não é um processo que envolva somente o corpo negro. Envolve todos os corpos que são marcados racialmente. No cotidiano da Bahia, todos. Você pode ter seu corpo marcado racialmente enquanto pertencente a uma categoria racial. Brancos ou negros, branco mestiço, aí tem todos os termos intermediários.
Quer saber mais sobre o que é o processo de racialização? Confira o áudio da entrevista com a pesquisadora Elena Calvo Gonzalez.
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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

VIOLÊNCIA/DADOS - A ONU apresenta relatório sobre a América Latina com taxa de homicídios

ONU: América Latina é única região do mundo com aumento de homicídios


A América Latina é a única região do mundo onde o número de homicídios subiu entre 2000 e 2010, com 11 países com taxas consideradas "epidêmicas" pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e um milhão de vítimas de violência criminal em uma década. Essas informações foram divulgadas nesta terça-feira, no relatório apresentado nas Nações Unidas, em Nova York. O Brasil aparece na lista.
"Entre 2000 e 2010, a taxa de homicídios da região cresceu 11%, enquanto que, na maioria das regiões do mundo, caiu ou se estabilizou. Em uma década, mais de um milhão de pessoas morreram na América Latina e no Caribe por causa da violência criminal", alerta o estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Essa "epidemia de violência, acompanhada pelo crescimento e difusão dos crimes, assim como pelo aumento do temor entre os cidadãos" acontece, apesar de a América Latina "mostrar hoje em dia economias mais fortes e integradas, menos pobreza e democracias mais consolidadas", acrescenta o documento.
"Na última década, a América Latina foi cenário de duas grandes expansões: a econômica e a criminosa", resume o estudo de 285 páginas e que oferece uma visão regional da segurança cidadã para 18 países, do México à Argentina, passando pela República Dominicana.
Segundo os dados coletados, 11 países (Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, República Dominicana e Venezuela) apresentam um "alto nível" de homicídios, com taxas superiores a 10 em cada 100 mil habitantes. Esse percentual é considerado como um "nível de epidemia" pela OMS. Abaixo dele, estão os outros sete países analisados: Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Nicarágua, Peru e Uruguai.
O país com o menor índice de homicídio é o Chile, com 2 a cada 100 mil habitantes. Honduras lidera a lista, com 77,5, enquanto México registra 23,8, e o Brasil, 15,5.
O aumento do homicídio na América Latina afeta, sobretudo, "jovens entre 15 e 25 anos, que não trabalham, nem estudam", afirmou o moderador da apresentação do informe, Carlos Loret de Mola.
Apesar dos números alarmantes, "na maioria dos países, a taxa se estabilizou nos últimos dois, ou três anos, e existe até um grupo de países que mostra uma moderada diminuição", ressalta o documento.
Estiveram presentes a diretora do Pnud, Helen Clark, e o subsecretário-geral da ONU e diretor regional do Pnud, Heraldo Muñoz. Nos últimos 25 anos, os roubos na região triplicaram", afirmou Helen Clark, destacando que os latino-americanos "estão cada vez mais preocupados com sua segurança".
Os países da região com "alto nível" de roubos são Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Guatemala, Peru, Uruguai e Venezuela. "Metade dos latino-americanos consultados acredita que segurança em seu país se deteriorou. Dois terços deixaram de sair à noite por medos ligados à insegurança", acrescentou Clark, citando uma pesquisa.
Segundo uma pesquisa mundial Gallup, apenas 43,44% dos latino-americanos responderam que se sentiam seguros ao andarem sozinhos à noite, menos do que na África Subsaariana (55,3%), Europa e Ásia Central (53%), países árabes (62,9%) e sul da Ásia (66,9%).
O estudo critica, em particular, os "grandes déficits de capacidades em matéria de Justiça e Segurança", que se refletem em "índices de impunidade alarmantes, na crise que seus sistemas carcerários atravessam e na desconfiança dos cidadãos em relação às instituições da Justiça e da Polícia".
Frente a essa situação, o PNUD reconhece que não existe uma solução mágica "para enfrentar os desafios da segurança cidadã na América Latina". O Programa afirma ainda, de forma taxativa, que "é imprescindível reconhecer o fracasso das políticas de linha-dura que foram adotadas na região e deixá-las de lado".
Nesse sentido, recomenda-se fazer uso das "experiências e lições aprendidas", como, por exemplo, a "melhora da atuação policial a partir de sua divisão por quadrantes e do trabalho próximo das comunidades", ou da "adoção de novas tecnologias para localizar pontos nevrálgicos do crime e enfocar nos esforços de prevenção".
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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

NEGROS/INCLUSÃO NO TRABALHO - Relatório do DIEESE revela que mesmo trabalhando mais sempre ganham menos

Só escolaridade não garante presença de negros no mercado de trabalho, aponta Dieese

Negros representam 48,2% dos trabalhadores nas regiões metropolitanas, mas a média de seu salário chega a ser 36,1% menor do que a de não negros
Negros no Mercado
(imagem - foto colorida de um homem, um operário negro, da construção civil, com parte de seu corpo próximo a uma parede, trazendo uma ferramenta na mão, com a roupa suja de tinta para a pintura, confirmando a maçiça presença negra nesse mercado de trabalho, onde a desigualdade salarial é menor)
São Paulo – O boletim “Os negros no trabalho”, divulgado hoje (13) pelo Dieese, revelou que apesar de a população negra ter maior participação no mercado de trabalho ainda ganha menos do que os não negros e ocupa os postos de serviços menos valorizados. Mesmo quando o nível de escolarização se eleva e se equipara ao da população não negra, os cargos ocupados pelos negros são os de menor prestígio hierárquico e os salários são inferiores.
De fato, o acesso dos negros à universidade e à qualificação é menor. No entanto, quando aumentam o grau de escolaridade, individualmente têm uma melhora de renda. Mas não é suficiente para reduzir desigualdade, porque apesar de melhor remuneração, ela continua menor se comparada com a dos não negros”, observa a socióloga do Dieese Adriana Marcolino.  O estudo resulta de pesquisa feita pelo Dieese, em parceria com a Fundação Seade e o Ministério do Trabalho e Emprego.
Apesar de os índices relativos ao biênio 2011-2012 revelarem progresso em relação à maior ocupação dos negros e menor desemprego – nas regiões metropolitanas pesquisadas, 48,2% eram negros –, essa população segue tendo seu esforço produtivo menos reconhecido. Em média, suas remunerações por hora ficavam limitadas a 63,9% do ganho-hora dos não negros.
A pesquisa englobou as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. Dos negros ocupados no mercado, 27,3% não haviam concluído o ensino fundamental (que vai do 1º ao 9° ano) e apenas 11,8% concluíram o ensino superior. Entre a população não negra, 17,8% dos ocupados não terminaram o ensino fundamental e 23,4% formaram-se em uma faculdade. Este cenário se reflete nos ganhos salariais, apesar de não ser determinante para as desigualdades constatadas.
Os negros, em todas as estruturas produtivas, estão em ocupação de menos prestígio, e mesmo quando têm maior escolaridade, estão em níveis mais precarizados. Os dados são uma comprovação de que existe um papel grande da discriminação racial no mercado de trabalho. A despeito do aumento da escolaridade, o negro vai se manter na ocupação que exige menos escolaridade. Porque é aquele emprego que é oferecido a ele, que é destinado a ele”, afirma Adriana.
Foi comprovado também que quanto maior o nível do patamar de escolaridade, a desigualdade entre a remuneração de negros e não negros aumenta. Por exemplo, na indústria de transformação, a desigualdade de rendimento por hora dos negros em relação aos não negros era de 18,4% no ensino fundamental incompleto e de 40,1% para aqueles com ensino superior completo. Ou seja, quanto maior o nível de escolaridade, maior a desigualdade entre negros e não negros.
No setor da construção, em que a qualificação exigida se apoia mais na experiência do que na escolaridade, a desigualdade entre os rendimentos por cor é menor: variou de 15,6% dentre os ocupados com ensino fundamental incompleto e 24,4% para aqueles com superior completo.

Políticas afirmativas

O desemprego diminuiu entre os negros e não negros, e apesar de haver maior inserção dos primeiros no mercado, os índices mostram diferenças no acesso. “O mercado teve melhora como todo, e isso é fruto do desempenho econômico, do crescimento, da melhoria de condições gerais. A população negra, em alguma medida se beneficiou, aumentou sua ocupação, mas a desigualdade de inserção se mantém”, comenta a socióloga do Dieese.
Adriana ressalta que apesar da importância de políticas afirmativas na educação, como a adoção de cotas por universidades públicas, para maior inserção social da população negra, elas não são suficientes para mudar significativamente o cenário do mercado de trabalho.
A política de cotas teve impactos positivos, pois cria mais oportunidades e eleva a escolaridade da população negra, mas não é único elemento para acabar com desigualdade no mercado de trabalho”, diz a socióloga, acrescentando que é preciso avançar em outras políticas específicas para o mercado de trabalho. “O movimento sindical tem iniciado esse debate, tem aparecido bastante nas negociações coletivas, para que este tema seja debatido no espaço da empresa. Preconceito racial é subjetivo às vezes, embora tenha um reflexo objetivo no mercado. É importante incluir todos no debate, para ir aos poucos saindo do esquecimento, dessa capa de que há igualdade no mercado”, observa Adriana.
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INCLUSÃO, RACISMO E DIFERENÇA http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/05/inclusao-racismo-e-diferenca.html

MULHERES COM DEFICIÊNCIA/VULNERABILIDADE - Audiência pública debateu situação e Projeto de Lei para mulheres com deficiência

MULHERES COM DEFICIÊNCIA enfrentam rotina de vulnerabilidade e discriminação

Audiência pública sobre a condição de múltipla vulnerabilidade da mulher com deficiência. Coordenadora Geral de Promoção da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Solange Maria Ferreira
(imagem - foto colorida de Solange Ferreira da SNP, Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, com um microfone à sua frente, discorrendo sobre abusos que muitas vezes são psicológicos contra mulheres com deficiência, fotografia de  Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados) 
A falta de estatísticas consolidadas sobre a situação de vulnerabilidade das mulheres com deficiência foi um dos principais pontos ressaltados pelos participantes de audiência pública sobre o assunto na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara.
No debate, que ocorreu nesta quinta-feira (7), os convidados também defenderam a aprovação de projeto de lei apresentado este ano pela deputada Rosinha da Adefal (PTdoB-AL), que aumenta em 60 dias a duração da licença-maternidade para a trabalhadora com deficiência (PL 5376/13).
Mulheres sofrem mais
Solange Ferreira, da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, disse que os números do Disque 100, que recebe denúncias de violação dos direitos humanos, mostram que as mulheres com deficiência sofrem mais que os homens na mesma condição.

São denúncias de confinamento em casa, abandono, aborto forçado, apropriação de bens e de aposentadoria, internação forçada e agressão física de cuidadores.

Esse abuso, explicou Solange, não é necessariamente físico: “Muitas vezes, numa forma mais cruel, ele é psicológico. É o de negação da condição dela como mulher”. Esse tipo de abuso, disse ela, “não dá para a gente mensurar. Uma mulher destruída aos 30 anos, como mulher, é muito difícil você recuperar para que ela vá para a luta", lamentou.

Em 2014, segundo Solange, começarão a serem divulgados os primeiros números das novas fichas de notificação de violência que devem ser preenchidas nos casos de atendimento pelo sistema de saúde. Solange explicou que a ficha registrará se a pessoa tem deficiência.
DiscriminaçãoMuitas convidadas relataram casos de discriminação sofridos por mulheres com deficiência que decidem ter filhos. Viviane da Silva, da Organização Nacional de Cegos do Brasil, lembrou que, de alguma maneira, todas as mães precisam de ajuda: "Acredito que todas as mães, tendo deficiência ou não, em algum momento recorrem à própria mãe. Pede ajuda a alguém. Ninguém faz nada sozinho".
Viviane afirmou, porém, que as mulheres com deficiência devem, sempre que possível, participar de atividades de reabilitação para não dependerem tanto de outras pessoas, especialmente na maternidade.
A deputada Rosinha da Adefal pretende propor alguma medida legislativa que minimize os problemas das mulheres. Ela afirmou, por exemplo, que as delegacias brasileiras não têm pessoas capacitadas para entender a linguagem de sinais, o que reduz a possibilidade de comunicação das pessoas com deficiência auditiva.

Íntegra da proposta:

PARALISIA CEREBRAL/INCLUSÃO - Homem curitibano relata sua história de superação e inclusão escolar

HOMEM COM PARALISIA CEREBRAL CONTA A SUA HISTÓRIA ( E SUPERAÇÃO DE BARREIRAS)

(imagem - foto colorida de um  homem em uma cadeira de rodas motorizada, e uma rua da cidade onde mora, Curitiba, vestindo uma calça azul claro e uma blusa azul escuro, com pessoas caminhando atrás dele, totalmente independente, caso as calçadas sejam acessíveis, e nosso olhar não seja piedoso - fotografia de Gerson Khaina, matéria de Giselle Ulbrich)

Ser uma pessoa com uma paralisia cerebral (que não é um "portador" e sim um cidadão com deficiência física -informa o DefNet), é uma sentença para se levar a vida inteira dependente e sem conquistas próprias? Certo? Errado!

Para o contador  Mauro Sérgio Langoswski, de 37 anos, a afirmação é totalmente falsa e prova isto contando a sua história. Ele não só estudou, conquistou sua casa própria e se formou bacharel em Ciências Contábeis como ganhou o 2º lugar num prêmio científico do Conselho Estadual de Contabilidade.

Mauro tem paralisia cerebral de nascença, por problema de parto. Ele conta que viveu 21 anos em casa, numa colônia polonesa em Colombo, sob os cuidados da família, até que conheceu um grupo de amigos com deficiência. Os amigos lhe mostraram que a vida de uma pessoa especial pode ter novos horizontes e o estimularam a estudar. Através do curso supletivo, fez os ensinos fundamental e médio,e , no dia que pegou o diploma, já tinha sido aprovado no vestibular na Facinter para o curso de Ciências Contábeis. Fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)  e conseguiu bolsa de estudos para custear a faculdade.

Por causa da deficiência Mauro tem problemas na fala e anda de cadeira de rodas. Mas recebeu o apoio e o carinho de muita gente. Fez trabalhos e provas orais e, depois de quatro anos e meio de muita batalha, se formou com louvor no dia 30 de abril.  Tirou nota 9,6 no seu trabalho de conclusão de curso (TCC), o que levou a coordenadora do curso, Viviane da Costa Freitag,  a inscrever o trabalho no prêmio anual do Conselho Estadual de Contabilidade. O trabalho ficou tão bom que Mauro ficou entre os 20 finalistas e conquistou o segundo lugar.

DIFICULDADES
Mauro nunca andou e depende de cadeira de rodas para se locomover. Na época em que ainda fazia faculdade, apesar de já ter comprado sua casa na Tatuquara, teve dificuldades para andar nas ruas esburacadas e sem asfalto, o que resultou na quebra de algumas cadeiras. Para evitar o deslocamento tão longo e os consertos e compras de novas cadeiras, conseguiu um quarto na casa do estudante universitário (CEU) , onde morou até o final do curso universitário.
Mauro se orgulha de fazer quase tudo sozinho. As poucas coisas que ele não consegue fazer são comer sozinho, escrever usando caneta,  e fazer a barba. "O resto eu faço tudo sozinho sem a ajuda de ninguém", disse o contador.
fonte - http://www.parana-online.com.br/editoria/cidades/news/706490/?noticia=HOMEM+COM+PARALISIA+CEREBRAL+CONTA+SUA+HISTORIA

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FREUD E A "INVENÇÃO" DA PARALISIA CEREBRAL http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/09/freud-e-invencao-da-paralisia-cerebral.html

terça-feira, 12 de novembro de 2013

PARALISIA CEREBRAL/UNIVERSIDADE - Jovem concluirá curso de História na UEG com a ponta do nariz

Jovem com Paralisia Cerebral escreve livro e vai se formar em faculdade

Estudante de 27 anos concluirá curso de história em dezembro, na UEG.
Sem coordenação motora, ela digita com a ponta do nariz, em Goianésia.


Jovem com paralisia cerebral consegue se formar na faculdade em Goianésia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
(imagem- foto colorida de uma mulher, jovem, sorridente, com outra mulher ao seu lado (sua colega de estudos universitários), na Universidade Estadual de Goiás. Ela se chama Lívia e está em uma cadeira de rodas,  pois VIVE E SUPERVIVE COM  PARALISIA CEREBRAL,com uma bolsa amarela sobre sua blusa vermelha, fotografia da matéria reprodução/TV Anhanguera)
Uma jovem de 27 anos é exemplo de superação em Goianésia, a 198 quilômetros de Goiânia. Lívia Barbosa Cruz tem paralisia cerebral e está se formando em história na Universidade Estadual de Goiás. A jovem, que mexe apenas com a cabeça e fala com dificuldade, concluirá o curso no próximo mês e já se prepara para conquistar novos objetivos: "Quero publicar um livro que estou escrevendo e fazer uma pós-graduação".
Lívia teve paralisia cerebral ao nascer e não desenvolveu a coordenação motora. Sem dominar as mãos, ela precisou encontrar outra forma de escrever a monografia e o livro: digitar com a ponta do nariz e o queixo. O irmão Jeferson Barbosa Cruz, de 22 anos, ensinou o básico sobre o computador e ela, sozinha, aprendeu a mexer no Twitter e Facebook. A estudante gosta de usar as redes sociais para se comunicar com os amigos e com os primos que moram em outras cidades.
Em entrevista ao G1, pelo Facebook, a jovem conta que chegar até o fim do curso não foi fácil. Além de ter os movimentos do corpo limitados, também sofreu preconceito. "Tive problemas, mas venci e hoje estou muito feliz", comemora a estudante que escolheu a inclusão no ensino superior como tema para a monografia.

Professora do curso de história, Edilze de Fátima Faria elogia a aluna. "A deficiência física não afeta a inteligência dela. Ela é muito esforçada. Ela mora longe da universidade e vem todos os dias em uma cadeira [de rodas]. É um exemplo de vida", diz.
"Viciada em livros", como a própria Lívia diz, ela agora está escrevendo o seu próprio romance. A jovem adianta que o trabalho está em fase de conclusão e contará a história de amores platônicos. Segundo ela, a obra é baseada em fatos reais, tanto de casos que ela tomou conhecimento quanto dela mesma. "Quem nunca amou em segredo?", questiona.
Apoio
Para realizar o sonho de fazer um curso superior, Lívia contou com a ajuda de algumas pessoas. O apoio principal vem da mãe, Cleones Barbosa dos Santos, de 43 anos, que desde 2009 leva a filha todos os dias para a universidade.
De segunda a sexta-feira, Cleones anda cerca de três quilômetros a pé, no caminho de ida e volta para a UEG, empurrando a cadeira de rodas da filha. Enquanto Lívia assiste aula, ela espera do lado de fora. Para passar o tempo, faz bordados e crochê. Para a mãe, todo o esforço valeu a pena: "Eu não tenho palavras para dizer o que sinto. Ela conseguiu mostrar o valor dela".

Cleones conta que ficou grávida de Lívia aos 16 anos e parou de estudar no terceiro ano do ensino fundamental. Mas, ao ajudar a filha, acabou aprendendo e hoje até se expressa melhor. "Ela sempre gostou de ler e se interessou pelos estudos. Às vezes eu copiava a tarefa para ela e fui aprendendo. Tenho formação em ser mãe", diz. A filha retribui a dedicação da mãe: "Sem ela seria impossível chegar onde estou hoje".
Antes da faculdade, ela contou com o auxílio do irmão. Era Jeferson quem levava a irmã para a escola. "Estudávamos juntos até o terceiro ano do ensino médio", conta a universitária. Os dois tentaram o vestibular, mas só Lívia seguiu em frente.

No ensino médio, Lívia descobriu a paixão pela história nas aulas de Valdelice Camilo, sua grande incentivadora e também professora na UEG. Na universidade, a estudante também destaca as aulas do professor Paulo Bernardes.
Professora de apoio
Quando Lívia conseguiu a aprovação no vestibular, o campus da UEG de Goianésia precisou fazer algumas adequações para recebê-la. A sala de aula foi transferida do primeiro andar para o térreo a universidade teve de contratar uma professora de apoio.
A contratação da docente especial foi a parte mais difícil, segundo a mãe de Lívia. A jovem precisa da professora de apoio para sentar ao lado dela e copiar o conteúdo nos dias de trabalho. "Foi um trabalhão danado para conseguir, porque não tinha esse cargo lá. Mas a direção conseguiu contratar uma professora de Libras e conciliar os horários para que ela pudesse atender a Lívia", relata Cleones.
fonte - http://g1.globo.com/goias/noticia/2013/11/jovem-com-paralisia-cerebral-escreve-livro-e-vai-se-formar-em-faculdade.html  (Veja matéria da TV nesse link)
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UM MUNDO PARA VOAR 

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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

SUS/LEGISLAÇÕES - Projeto de lei garante detecção precoce de doença renal no SUS

Projeto garante teste para detecção de doença renal a usuários do SUS


Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 5696/13, do deputado Marco Tebaldi (PSDB-SC), que assegura aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), com propensão a desenvolver doenças renais, a realização de testes de detecção do problema.
Segundo a proposta, o SUS será obrigado a realizar o teste em pacientes que possuem problemas de diabetes, pressão alta, idade avançada e doenças cardiovasculares. Usuários que possuem casos de disfunção renal na família também terão assegurada a realização do exame.
A verificação será realizada por meio dos exames de urina e da dosagem de creatina no sangue.
Diagnóstico tardio
Segundo o autor do projeto, o diagnóstico precoce é fundamental para impedir que se desenvolva uma doença crônica, já que um em cada dez brasileiros é portador de doenças renais.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a taxa de mortes dos doentes renais crônicos aumentou em 38% entre 2000 e 2010, sendo o principal motivo desse crescimento o diagnóstico tardio de pessoas com disfunções nos rins.
Os sintomas da doença não são perceptíveis e ela só é constatada depois que a pessoa perdeu 50% da capacidade de exercer suas funções. Diabetes e hipertensão são as duas causas mais comuns e responsáveis pela maioria dos casos.
Conscientização dos pacientes
Também segundo a proposta, o SUS terá que disponibilizar assistência integral, informando e educando sobre a prevenção, a detecção, o tratamento e o controle, ou procedimento pós-tratamento depois do diagnóstico.
Tebaldi destacou que a intenção do projeto é efetivar ações que assegurem a prevenção da doença renal crônica, “mas outro aspecto importante é o da conscientização dos pacientes que precisam conhecer o problema e saber que existem serviços para o tratamento e onde se encontram”.
Tramitação
A proposta, que tramita em caráter conclusivo, será analisada pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta: