quinta-feira, 29 de agosto de 2013

MANICÔMIO JUDICIÁRIO/INJUSTIÇAS - Um homem, de 80 anos, está há 24 anos em abandono em cárcere psiquiátrico (como outros milhares)

Homem que deveria ser solto em 1989 está abandonado em hospital judiciário do Ceará

Homem que deveria ser solto em 1989 está abandonado em hospital judiciário do Ceará
(imagem -fotografia de um "homem" sentado em uma rústica cadeira de rodas, de fraldas, se cabeça raspada, emagrecido, ABANDONADO por 24 anos no manicômio judiciário, sem nome, o Zé Ninguém ou a Vida Nua produzida pela psiquiatria judiciária... foto de Paulo Irion)

Está no Ceará um homem de aproximadamente 80 anos que pode ser o detento mais antigo do País. Ele foi preso na década de 1960, recebeu alvará de soltura em 1989, após ter sua punibilidade extinta pela Justiça, mas permanece, mesmo assim, em uma unidade destinada a abrigar acusados de cometer crimes, o Instituto Psiquiátrico Governador Stenio Gomes (IPGSG). “Acho que este ser humano, em uma cadeira de rodas, usando fraldas, deve ser o preso mais antigo do Brasil, pois a informação é de que ingressou no sistema prisional na década de 60 do século passado”, afirmou o juiz Paulo Augusto Irion, um dos coordenadores do Mutirão Carcerário que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realiza no estado desde 7 de agosto. Segundo ele, outras cinco pessoas estão na mesma situação.

Nesse instituto, me deparei com seis pessoas internadas que já tiveram declaradas extintas as suas punibilidades, porém permanecem recolhidas devido ao abandono dos familiares, acrescido ainda ao fato da ausência de uma instituição hospitalar própria para abrigá-los. Essas pessoas não mais poderiam permanecer no local, entre as que estão internadas em decorrência da intervenção do Direito Penal. A situação dessas pessoas é meramente de saúde, não mais de Direito Penal”, criticou o magistrado, que pertence ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS) e foi designado pelo CNJ para atuar na coordenação do Mutirão.

O IPGSG fica no município de Itaitinga, na região metropolitana de Fortaleza, e é administrado pelo governo estadual. Segundo o juiz Paulo Irion, o estabelecimento funciona em um prédio antigo, que precisa de “urgentíssimas reformas estruturais”, como muitas unidades do sistema carcerário do Ceará, inspecionadas pelo mutirão.

Interdição  “A situação das unidades é muito complicada em relação às precárias condições do atendimento de saúde, condições de higiene, cerceamento do direito de visitas e falta de atendimento às necessidades materiais, uma obrigação do Estado. Há esgoto a céu aberto em muitas unidades prisionais, bem como superlotação em algumas delas, má qualidade da alimentação, racionamento severo de água. Os presos reclamam da falta de atendimento jurídico e da morosidade da tramitação dos processos, tanto os provisórios como definitivos”, detalhou o magistrado, adiantando que algumas unidades prisionais terão sua interdição recomendada pelo CNJ.

O Mutirão Carcerário no Ceará foi aberto no início de agosto durante solenidade no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza/CE. Os trabalhos vão envolver, até 6 de setembro, inspeções de unidades prisionais em todo o estado e o reexame de cerca de 18,6 mil processos de presos condenados e provisórios. O objetivo é avaliar as condições de encarceramento e garantir o atendimento aos direitos dos detentos.

O juiz Paulo Irion é o responsável pela coordenação do Polo de Fortaleza. Por sua vez, a juíza Maria de Fátima Alves da Silva, do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), coordena o Polo de Juazeiro do Norte. Essas duas frentes são responsáveis pelas inspeções de unidades prisionais e pelo reexame dos processos de todo o estado. Ao final do mutirão, serão feitas recomendações às autoridades locais para a melhoria do sistema carcerário.

Jorge Vasconcellos
Agência CNJ de Notícias

http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/26109-homem-que-deveria-ser-solto-em-1989-esta-abandonado-em-hospital-judiciario-do-ceara

LEIA TAMBÉM SOBRE SAÚDE MENTAL NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET -

RETORNAR À CASA VERDE, RETROCEDER E INSTITUCIONALIZAR A LOUCURA? OU SOMOS “TODOS” LOUCOS? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/05/retornar-casa-verde-retroceder-e.html

DEPRESSÃO/DOENÇA DE CHAGAS - Pesquisadores mostram que Trypanosoma também causa depressão

Chagas de uma velha conhecida

Pesquisadores associam a doença de Chagas à depressão e propõem novo tratamento, com drogas comerciais e baratas.
Chagas de uma velha conhecida
(imagem - fotografia com microscópio do transmissor da doença. com a legenda A presença do ‘Trypanosoma cruzi’, parasita causador da doença de Chagas, no organismo desencadeia uma desordem imunológica e neuroquímica que leva à depressão. (foto: CDC/ Dr. Myron G. Schultz)
Inchaço, insuficiência cardíaca, problemas digestivos. A desagradável lista de sintomas da doença de Chagas crônica ganha mais um elemento: a depressão. Mais de 100 anos depois da descoberta e caracterização da doença por Carlos Chagas, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz mostram que a presença do parasitaTrypanosoma cruzi no organismo induz uma desordem neuroquímica e imunológica que leva à depressão.
Muitos relatos clínicos de pacientes com a doença citavam a depressão, porém se acreditava que ela tinha origem psicológica, por se tratar de uma enfermidade grave e incurável. Mas uma equipe liderada pela bióloga Joseli Lannes-Vieira investigou mais a fundo a relação entre as duas doenças depois de observar que camundongos infectados com o parasita de Chagas ficavam recolhidos e aparentemente desanimados.
A equipe fez uma série de testes com os animais infectados para saber se o comportamento se devia a uma indisposição ou a um quadro depressivo. Em um dos experimentos, camundongos com e sem a doença de Chagas foram colocados em uma banheira da qual não conseguiam sair. Os animais normais nadaram procurando uma escapatória. Já os doentes desistiram de nadar depois de algum tempo.
Em outro teste, que exigia menos esforço físico, os camundongos foram pendurados em uma trave pela cauda. Os animais não infectados logo subiram na trave para sair da posição invertida, diferentemente dos animais infectados, que desistiram. “Esses animais se saíram bem em testes como a caminhada, o que mostra que eles não tinham limitações físicas nem dificuldade em praticar outras atividades, mas sim apresentavam um quadro depressivo associado à desistência”, diz Joseli Lannes-Vieira.
A prova veio quando os pesquisadores trataram os camundongos infectados com um antidepressivo muito usado, a fluoxetina, e o quadro depressivo foi revertido. “Isso nos indicou que a doença de Chagas estava mexendo com o quadro de captação de serotonina, o ‘hormônio da felicidade’, cuja falta leva à depressão”, diz Lannes-Vieira.
A pesquisadora observou que o T. cruzi desencadeia um desequilíbrio do sistema imune que leva à produção de uma proteína inflamatória conhecida como fator de necrose tumoral. Essa proteína ativa uma enzima que bloqueia a síntese de serotonina. “É como se o paciente tivesse a produção do seu hormônio da felicidade sabotada”, explica Lannes-Vieira.
A interação entre proteínas inflamatórias e depressão já era conhecida e é hoje tema de muitas pesquisas envolvendo outras doenças crônicas, como o câncer, o Alzheimer e a artrite reumatoide.
O bioquímico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Henrique da Cunha, que estuda a relação entre Alzheimer e depressão, explica que esse quadro ainda não é totalmente conhecido e a pesquisa de Lannes-Vieira vem contribuir para seu esclarecimento. “O fator de necrose tumoral já foi relacionado anteriormente com o aumento do estado depressivo, o problema é que ainda não temos a visão completa dessa ligação, não sabemos se o aumento do fator de necrose tumoral tem uma relação causal com a depressão ou se existem outros fatores envolvidos”, comenta.
O estudo da Fiocruz foi o primeiro a identificar esse quadro na doença de Chagas. “Ninguém tinha percebido a relação entre Chagas e depressão porque outros sintomas, como a cardiopatia, são muito mais graves. Mas os problemas cardíacos são apenas a ponta do iceberg”, diz Lannes-Vieira. “A doença de Chagas é negligenciada e os pacientes também são, dificilmente têm acesso à terapia e a psicólogos. Com este trabalho, chamamos a atenção dos médicos para que passem a tratar a depressão causada pela doença.”
Os pesquisadores sugerem um procedimento novo de tratamento da doença, usando medicamentos já disponíveis no mercado, como a própria fluoxetina, que aumenta a serotonina no cérebro, e a pentoxifilina, que se mostrou eficiente para interferir na ação do fator de necrose tumoral.
Além de melhorar o quadro dos pacientes com Chagas, Lannes-Vieira acredita que o novo protocolo de tratamento, ainda em testes, pode ser útil para outras doenças em que ocorre a produção do fator de necrose tumoral e a depressão está presente, como o câncer e a artrite reumatoide. “Nossa descoberta vai além da doença de Chagas”, diz. “Mostramos que é possível reverter a depressão associada a doenças crônicas com o uso de drogas comerciais e baratas.” A equipe já está organizando um estudo clínico, em humanos, com o apoio de psicólogos.
Sofia Moutinho
Ciência Hoje/ RJ
LEIAM TAMBÉM NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET - 

OS NOSSOS CÃES desCOLORIDOS - Nossas "depressões" e o Dia Mundial da Saúde Mental http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/10/os-nossos-caes-descoloridos-nossas.html

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CEGOS/ACESSIBILIDADE - Brasília inclui deficientes visuais no turismo acessível

Brasília tátil inclui deficientes visuais no turismo do DF


O acervo artístico dos monumentos de Brasília também encanta pelo toque. Por meio do projeto Brasília Tátil, dezenas de deficientes visuais e pessoas que convivem com indivíduos de pouca ou nenhuma visão podem participar das atividades turísticas da Capital Federal e aproveitar a cidade. 

No projeto, os participantes vivenciam aspectos paisagísticos, urbanísticos, arquitetônicos e artísticos de Brasília sob novas perspectivas relacionadas às artes visuais, que contempla monumentos e espaços culturais da cidade, como o Museu Vivo da Memória Candanga, o Espaço Lúcio Costa, o Panteão da Pátria, o Congresso Nacional e o Palácio do Itamaraty.

Para aperfeiçoar o passeio e difundir as informações corretas de como lidar com este público, a equipe do Brasília tátil coordena minicursos de um dia de duração, que incluem noções de acessibilidade focada na orientação e mobilidade técnica do guia vidente e audiodescrição, além de boas praticas de atendimento e relacionamento específico para pessoas com este tipo de deficiência.

"Na primeira etapa do projeto educativo, atendemos aproximadamente 40 professores de escolas inclusivas do DF com e sem deficiência visual. Também atendemos 2 turmas de adultos de algumas escolas públicas do Distrito Federal- em Sobradinho e São Sebastião - que tinham alunos com deficiência visual. Eram voluntários ligados a pessoas com deficiência visual", contabilizou o coordenador geral do projeto, César Achkar Magalhães.

A última aula aconteceu no início deste mês, quando foram capacitadas cerca de 40 pessoas entre arte-educadores e mediadores do espaço cultural ou turístico de Brasília. "Não havíamos pensado em abrir novas turmas, mas existe a possibilidade fora do projeto", disse o coordenador.

domingo, 25 de agosto de 2013

RACISMO/LITERATURA - Criadora de uma personagem em livro infantil busca apoio para publicação

Ilustradora da PB busca apoio para publicar livro que aborda racismo

 'Uma história mais ou menos parecida' é voltada para o público infantil.

História é da escritora mineira Márcia Paschoalin.


(imagem - capa do livro com o título Uma História Mais ou Menos Parecida, com a personagem criada no canto direito como uma menina negra com um grande laço de fita vermelha prendendo seus cabelos)
A ilustradora paraibana Juliana Fiorese se envolveu em um projeto literário especial: 'Uma história mais ou menos diferente', da escritora mineira Márcia Paschoalin, conta a história de uma princesa negra. O livro vem sendo produzido desde junho e é a terceira publicação infantil de Juliana, que se formou em arquitetura e design gráfico em João Pessoa.
A temática do livro é voltada para o preconceito racial entre as crianças através de uma releitura do clássico Branca de Neve e os 7 anões. A narrativa é totalmente adaptada à proposta do combate ao preconceito e insere a heroína, a princesa Pérola Negra, em aventuras inusitadas.
Juliana conta que estava à procura de parcerias e que tinha enviado seu portfólio para editores e escritores quando  Márcia Paschoalin se interessou pelo seu trabalho. A autora apresentou quatro histórias diferentes para Juliana, que escolheu exatamente a de Pérola Negra porque acredita que a mensagem da trama é de extrema importância para as crianças. 
"Com este projeto, nos preocupamos com o lado psicológico da literatura, pois as crianças se identificam com os personagens, principalmente as meninas, que querem ser as princesinhas lindas, maravilhosas, brancas, louras e de olhos azuis. Como é que fica a cabecinha da garotinha negra que não vê nenhuma princesa parecida com ela?", questiona Juliana.
"E pior, os personagens negros ocupam, na maioria das vezes, papéis de pessoas subalternas, ou seja, no inconsciente desta criança ficará a mensagem de que ela é inferior em relação às crianças brancas", observa.
Todos os aspectos da produção de 'Uma história mais ou menos parecida' foram combinados de forma virtual. As reuniões entre a autora, a ilustradora e o projetista gráfico, o designer Vinícius Meira, foram realizadas pela internet. Eles dividiram as tarefas e organizaram a estratégia para a impressão e divulgação do livro. A princípio, será necessário um investimento de R$ 9.500, que devem ser arrecadados junto ao público.
A campanha de arrecadação pensada por Márcia, Juliana e Vinícius inclui recompensas para os apoiadores: são sete modalidades de prêmios que o público pode receber se contribuir com o projeto. As contribuições vão desde R$ 10 e nome nos agradecimentos do livro, mais recebimento de uma versão digital,  até R$ 700 e, além do nome nos agradecimentos, o recebimento de 20 exemplares da obra.
A contribuição pode ser feita através de um site (link no fim da matéria) e podem ser realizadas até o dia 13 de setembro. A tiragem inicial será de mil exemplares e o valor arrecadado pagará também a produção de todas as premiações dos colaboradores mais a comissão do site de  arrecadação.
Juliana nasceu na Inglaterra mas veio morar na Paraíba ainda bebê. Ela decidiu trabalhar com o que sempre a encantou, a ilustração infantil, porque acredita que "a leitura forma cidadãos melhores, mais esclarecidos e capazes de tomar decisões corretas".
"E se tornarmos a leitura um hábito, estaremos criando uma sociedade melhor. Por isso, acredito que este hábito deve ser introduzido nas nossas vidas desde a infância. De certa forma, gosto de contribuir um pouco com essa cultura da leitura. Além disso, o traço que eu acabei desenvolvendo nas minhas ilustrações é muito infantil. Então, juntei essa minha paixão por ilustração com a literatura", explicou Juliana.
Os outros títulos ilustrados por ela são 'Azur e Asmar', publicado por uma editora de João Pessoa, e 'A princesa e os sapos', da escritora Celina Portocarrero, a cargo de uma editora carioca.
LINK -http://catarse.me/pt/umahistoriamaisoumenosparecida
LEIAM TAMBÉM NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET -   

INCLUSÃO, RACISMO E DIFERENÇA http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/05/inclusao-racismo-e-diferenca.html

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

CEGUEIRA/CÉLULAS TRONCO - Primeiro teste clínico com células embrionárias para tratar degeneração macular

Brasil promove tratamento com células-tronco para combater a cegueira

Será o primeiro teste clínico com células embrionárias no País


O Brasil será um dos únicos países a promover uma terapia experimental baseada em células-tronco de embriões para combater uma das principais causas de cegueira no mundo. Os primeiros pacientes com degeneração macular relacionada à idade deverão começar a receber o tratamento a partir de 2014. Os testes clínicos - os primeiros do País com células embrionárias - serão possíveis devido a uma parceria entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos. A novidade é destaque nesta quinta-feira na reunião da Federação de Sociedades de Biologia Experimental, que ocorre em Caxambu (MG).

A degeneração macular relacionada à idade é a principal doença causadora de cegueira entre idosos e costuma afetar maiores de 65 anos. Testes começarão a ser feitos na tentativa de retroceder o avanço da doença provavelmente no início do ano que vem, inicialmente em pacientes atendidos pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp.

O método que será aplicado no Brasil pela primeira vez já foi testado em animais e, com uma abordagem clínica diferente, é testado pela empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology (ACT) desde 2011 nos Estados Unidos. No caso americano, porém, a pesquisa tem maior viés comercial, e os resultados dos ensaios iniciais com humanos não têm sido revelados com consistência, segundo pesquisadores.
"O projeto que estamos começando a desenvolver aqui foi iniciado lá nos Estados Unidos há dois anos e meio, mas propomos um método um pouco diferente", disse ao Terra o oftalmologista Rodrigo Brant, 39 anos, pesquisador da Unifesp que estudou o tratamento com células-tronco na Califórnia. "Eles injetam a célula no olho (do paciente) para ver o que acontece: se a célula vai se colocar naquela posição, se vai ter melhora de visão. É desorganizado. Nós já estamos fazendo essa diferenciação no laboratório, e a célula cultivada é a que será implantada. É mais localizado."
Brant explica que o tratamento traz esperança de combate à cegueira causada pela degeneração macular relacionada à idade e pela doença de Stargardt, mas não se aplica a todos os casos de perda de visão. "São doenças que não têm tratamentos, e isso é algo em que as células-tronco podem ajudar", acredita o pesquisador. Os primeiros pacientes a serem testados com essa técnica serão selecionados entre os já atendidos pela Escola Paulista de Medicina, mas se o número desejado - 15 - não for atendido, pessoas atingidas por uma dessas doenças poderão se candidatar.
"Desenvolvemos todos os estudos pré-clínicos em animais, vimos que realmente houve eficácia - primeiro em ratos e depois em porcos, que também apresentaram melhora na visão. Testamos a técnica cirúrgia que seria usada e, a partir daí, o estudo já foi aplicado nos Estados Unidos", disse Brant, que participou do desenvolvimento da terapia na Califórnia. "Esse trabalho será pioneiro em um tipo de degeneração que é muito comum. É só um começo, mas o campo de aplicação das células-tronco é muito alto."  

DOENÇAS RARAS/PRECONCEITO - O que é uma Epidermólise? ela pega? é contagiosa? só na Gol?

Entenda o que é a epidermólise bolhosa, doença genética da pele

Doença de neto de Deborah Colker não é contagiosa.
Até pequenos traumatismos podem levar a feridas em pele de paciente.

Menino de 12 anos com epidermose bolhosa (Foto: Divulgação/Régia Patriota)
(imagem- foto colorida de uma pessoa com epidermólise, com as feridas provocadas, com as duas mãos juntas, é um menino de 12 anos, com a doença, segundo foto de divulgação, Regina Patriota)
A epidermólise bolhosa é uma doença genética rara caracterizada por grande sensibilidade da pele. Devido à falta de adesão entre as células da epiderme, qualquer traumatismo – ainda que leve – pode levar à formação de bolhas e ao descolamento da pele, de acordo com a médica Valéria Petri, professora do Departamento de Dermatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Nesta segunda-feira (19), a família da coreógrafa Deborah Colker enfrentou transtornos para embarcar em um voo porque seu neto tem a doença. A aeronave só decolou depois que um médico da Infraero atestou que a doença não era contagiosa. 
“A epidermólise bolhosa não é uma doença infectocontagiosa. Os pacientes podem viver uma vida livre e feliz e frequentar ambientes públicos normalmente. É profundamente lamentável que isso tenha acontecido”, diz Valéria.
Formas da doença
Segundo a dermatologista Zilda Najjar Prado de Oliveira, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a doença pode se apresentar em várias formas.

A forma simples é a menos grave, em que as bolhas e feridas restringem-se às mãos e aos pés. A forma juncional, mais grave, afeta também a boca, o esôfago e o intestino, o que faz com que o paciente tenha dificuldade para engolir alimentos. Já na forma distrófica, também grave, os dedos do paciente têm a tendência de aderir uns aos outros.

O melhor tratamento é o preventivo: não machucar e evitar traumatismos. As crianças podem usar luvinhas não aderentes para evitar machucados nas mãos e curativos não aderentes. Quando há infecção, também têm de tomar antibióticos”, observa Zilda. Ela acrescenta que, com o passar dos anos, o paciente aprende a evitar as lesões e os quadros costumam ficar menos severos.
Preconceito
Especialistas afirmam que os pacientes sofrem forte preconceito devido à aparência das feridas. “As crianças sofrem muito, tem dificuldade para lidar com a situação, sofrem bullying nas escolas, não conseguem andar de ônibus ou frequentar piscinas públicas. É muito triste”, diz a dermatologista Régia Patriota.

Régia inaugurou, em março, uma exposição de fotografias de crianças com doenças de pele. O objetivo da médica foi justamente chamar a atenção para o preconceito contra pessoas com doenças de pele.

A dermatologista Valéria Petri sugere que, para evitar constrangimentos como os enfrentados pela família de Deborah Colker, os pacientes levem consigo uma declaração médica de que a doença não traz absolutamente nenhum risco de contágio. “O mesmo problema acontece com pacientes de psoríase e vitiligo, que também não são doenças contagiosas, mas passam por situações parecidas."
LEIA TAMBÉM NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET - 

A PARÁBOLA DA ROSA AZUL http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/05/parabola-da-rosa-azul.html

terça-feira, 20 de agosto de 2013

VITAMINA D/SAÚDE - A deficiência desta vitamina já uma pandemia no Brasil? debate na Câmara Federal

Carência de vitamina D no organismo já é pandemia, dizem debatedores

Substância, importante para evitar o surgimento de doenças graves como câncer e diabetes, pode ser obtida com a exposição diária ao sol ou com doses ministradas em forma de comprimidos.
A deficiência de vitamina D no organismo já é uma pandemia, ou seja, uma epidemia disseminada em vários países. Para se ter uma ideia, estima-se que 77% da população da cidade de São Paulo apresente deficiência da substância no inverno. Embora no verão, esse percentual caia para 39%, o percentual continua considerado alto. Baixos níveis dessa vitamina favorecem o surgimento de doenças como câncer, hipertensão, diabetes, enfartos e derrames, além de distúrbios psiquiátricos, como depressão, esquizofrenia na adolescência e distúrbio bipolar.
Essas informações foram divulgadas nesta terça-feira (20), durante audiência pública realizada pela Comissão de Seguridade Social e Família na qual foi discutido o papel da vitamina D na saúde pública. O debate aconteceu a pedido dos deputados Walter Feldman (PSDB-SP) e Dr. Rosinha (PT-PR), presidente da comissão.
Apesar de a maior fonte da vitamina D ser a metabolização dos raios do sol pelo organismo, muitas vezes é necessário que a vitamina seja administrada de outras formas - por meio de comprimidos, por exemplo. A insuficiência ou suficiência é verificada por meio de exame de sangue.
O médico Cícero Coimbra, professor do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que, apesar de a vitamina D ser uma substância relativamente barata em comparação com outros medicamentos e de ser importante na prevenção e cura de doenças graves, poucos médicos sabem prescrever a dose adequada do composto.
"Diversas doenças graves e incapacitantes, como a própria esclerose múltipla, seriam evitadas com uma dose tão simples como 5 mil UI. Mas, por falta de informação a própria classe médica acaba dizendo que é tóxica, quando poucos minutos de exposição solar produzem isso”, afirmou. Ele exemplificou que, ao usar trajes de banho na beira da piscina no horário correto, em dez minutos são produzidos 20 mil UI de vitamina D. “Como podem me dizer que 5 mil UI ou 10 mil UI são tóxicos? Se fosse tóxico, quando uma pessoa ficasse na piscina por 10 minutos, ela teria que ir ao hospital”, afirmou.
Exposição ao sol
Na audiência, o endocrinologista e pesquisador norte-americano Michael Holick, considerado um dos maiores especialistas do mundo no assunto, destacou que o tempo necessário de exposição solar varia de acordo com o horário, a estação do ano e a cidade ou país de localização. No entanto, alguns critérios podem ser considerados universais.
Segundo o pesquisador, o tempo médio seria de 15 a 20 minutos ao sol, sem nenhum protetor solar nos braços, pernas, abdomen e costas, mas com o rosto sempre protegido. Ele explica que o filtro solar impede que a vitamina D seja metabolizada. Depois desses minutos de exposição ao sol sem proteção, Holick destacou que o uso do filtro é essencial.
Ele também informou que entre dez horas da manhã e três da tarde são os melhores horários para que haja sintetização da vitamina pelo organismo.
Pausa para o sol
Para tentar reverter o quadro de carência de vitamina D, o deputado Walter Feldman, apresentou projeto de lei (PL 5363/13) para determinar que as pessoas que trabalham sem interrupção por seis horas em ambientes fechados, os estudantes, os internados em hospitais e os presos tenham direito a períodos de pelos menos 15 minutos de descanso, antes das quatro horas da tarde, para tomar sol.
O projeto, que está sendo analisado na Comissão de Agricultura, também define outras medidas para garantir a manutenção das taxas de vitamina D da população, como o enriquecimento do leite vendido no País com a substância.

ALZHEIMER/PESQUISAS - Cientistas divergem sobre ação do Cobre na doença

Cobre evita ou causa Alzheimer? Novo estudo alimenta debate

Cientistas mostram que o mineral pode provocar o depósito de placas no cérebro que causam a doença

O cobre é encontrado em carne vermelha, laticínios e legumes Foto: Getty Images
(imagem - foto colorida de uma mulher idosa, branca, com sua mão apoiando a cabeça, de modo a expressar possível desânimo, humor alterado ou preocupação - arquivo Getty imagens
Cientistas publicaram novas evidências nesta segunda-feira (19) de que o cobre pode provocar o depósito de placas no cérebro que causam Alzheimer, alimentando novos debates sobre o papel do mineral nesta doença degenerativa.
A comunidade científica está dividida sobre a questão de se o cobre - encontrado na carne vermelha, em legumes, laticínios e dutos usados para canalizar água potável em grande parte dos países em desenvolvimento - causa ou evita o Mal de Alzheimer.
No mais recente estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, os cientistas observaram como o cobre nos vasos sanguíneos pode causar um colapso na barreira sangue-cérebro, levando a um depósito da proteína beta-amiloide, placas que são a marca registrada do Alzheimer.
De acordo com o principal autor do estudo, Rashid Deane, professor da Universidade do Centro Médico Rochester, experimentos usando células de cobaias e humanas demonstraram que níveis baixos de cobre liberados através da água potável se acumularam nas paredes capilares que levam sangue para o cérebro. "São níveis muito baixos de cobre, equivalentes ao que as pessoas consumiriam em uma dieta normal", disse Deane.
O cobre provocou uma oxidação que interferiu em outra proteína, denominada proteína-1 relacionada a receptor de lipoproteína (LRP1), que normalmente removeria as beta-amiloides do cérebro, destacou este estudo.
Não apenas o cobre pareceu evitar a desobstrução das placas que acredita-se que sejam a principal responsável pelo mal de Alzheimer, como também estimulou os neurônios a produzir mais beta-amiloides.
Em um comunicado à imprensa, os cientistas descreveram suas descobertas como um "golpe duplo", que "fornece fortes evidências de que o cobre tem um papel-chave no Mal de Alzheimer". "O cobre é um metal essencial e é claro que estes efeitos se devem à exposição durante um longo período", disse Deane no comunicado. "A chave será extrair o equilíbrio exato entre o consumo excessivo e escasso de cobre. Atualmente, não podemos dizer qual seria o nível certo, mas a dieta pode finalmente desempenhar um papel importante em regular o processo", acrescentou.
No entanto, outros especialistas que estudaram a relação entre o cobre e o Mal de Alzheimer questionaram as descobertas do estudo. "Pesquisas incluindo a nossa mostram o contrário, que o cobre evita que a (proteína) amieloide forme o tipo de estrutura vista nas placas", afirmou Christopher Exley, professor de Química Bioinorgânica da Universidade Keele em Staffordshire.
Exley e seus colegas publicaram recentemente seu último estudo sobre o tema na edição de fevereiro da revista científica britânica Nature. "Acreditamos como grupo, com base no que sabemos, e nossa pesquisa foi feita com cérebros humanos e tecidos cerebrais, que o cobre protege contra o Alzheimer", afirmou. "É preciso uma quantidade significativa de tecido para produzir resultados em que você tenha um grande nível de confiança. O sistema capilar de um camundongo é algo muito, muito pequeno", disse Exley à AFP.
Outro cientista, George Brewer, professor emérito de medicina interna da escola de medicina da Universidade de Michigan, disse que os "autores perderam um ponto importante sobre a toxicidade do cobre no cérebro". "Eles não diferenciam o cobre transportado na água potável, como apresentado em seu estudo, do cobre encontrado na comida", afirmou Brewer em um e-mail enviado à AFP.
"Sempre tivemos cobre na comida, portanto esta não deve ser a causa desta nova epidemia de Alzheimer", afirmou. "Se eles tivessem vinculado esta quantidade de cobre à comida, ao invés de relacioná-la à água potável, não teria qualquer efeito", concluiu.
LEIAM TAMBÉM NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET - 

ALZHEIMER NÃO É UMA PIADA, mas pode ser poesia de vida http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/06/alzheimer-nao-e-uma-piada-mas-pode-ser.html

ESQUIZOFRENIA/PESQUISAS - Nos EUA pesquisa com macacos investiga neurofisiologia do transtorno

Experiência com macaco dá pistas sobre a esquizofrenia em humanos

(imagem - foto de divulgação com três macacos Rhesus juntos na natureza, utilizados em pesquisas de laboratório, dentro da visão de psiquiatria biologicista)

O cérebro do macaco rhesus pode revelar pistas sobre as raízes da esquizofrenia e de outros distúrbios neuropsiquiátricos em humanos, de acordo com um novo estudo publicado nesta segunda-feira na “Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America” (Pnas).

Os pesquisadores sabem que níveis reduzidos de dois marcadores: negatividade incompatibilidade (MMN) e potenciais de eventos relacionados de P3a (PER) - índices neurofisiológicos das funções cognitiva e sensorial - indicam a ocorrência de esquizofrenia.

Desta forma, o cientista português Ricardo Gil-da-Costa, do Instituto Salk de Estudos Biológicos, nos EUA, desenvolveu um modelo especial de eletroencefalograma com objetivo de acompanhar a reação cerebral da quetamina, um analgésico que bloqueia os receptores neurais NMDA. Esta droga pode provocar sintomas de esquizofrenia em indivíduos normais, reduzindo os níveis de MMN e P3a.

A chave para o modelo, dizem os autores, vem de similaridades entre os cérebros humanos e do macaco rhesus. Com isso, eles mediram as funções sensoriais e cognitivas que eram diretamente comparáveis com as de humanos.

Da mesma forma que ocorrem em humanos com esquizofrenia e em indivíduos normais que tomam a quetamina, eles observaram um significativo declínio de MMN e P3a nos macacos. Segundo o artigo, o modelo abre caminho para a compreensão dos mecanismos celulares e terapias. De acordo com os autores, o modelo com primatas pode dar pistas sobre a esquizofrenia e outros transtornos neuropsiquiátricos em humanos.
LEIAM TAMBÉM NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET - 

OS NOSSOS CÃES desCOLORIDOS - Nossas "depressões" e o Dia Mundial da Saúde Mental http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/10/os-nossos-caes-descoloridos-nossas.html



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

SAÚDE/NOVOS TRATAMENTOS - Na Unesp é desenvolvido novo medicamento para Anemia Falciforme

Fármaco brasileiro mostra bons resultados contra anemia falciforme

Agência FAPESP – Um fármaco desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) para aliviar os sintomas da anemia falciforme une os benefícios da talidomida e do quimioterápico hidroxiureia – já usado no tratamento crônico da doença – sem apresentar os efeitos tóxicos das drogas originais.
A molécula, patenteada com o nome Lapdesf1, mostrou bons resultados em ensaios com camundongos feitos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os cientistas das duas instituições buscam agora parceria com a indústria farmacêutica para a realização dos primeiros testes em humanos.
“A pesquisa representa um avanço para o tratamento da anemia falciforme, considerada uma doença extremamente negligenciada, e ajudará a diminuir vários sintomas presentes nos pacientes, como dor e inflamação”, disse o pesquisador da Unesp de Araraquara Jean Leandro dos Santos, responsável pelo projeto de pesquisa "Otimização, síntese e avaliação farmacológica de novos candidatos a fármacos para tratamento dos sintomas da anemia falciforme", apoiado pela FAPESP. 
A anemia falciforme é uma das doenças hereditárias mais prevalentes no Brasil e estima-se que existam mais de 50 mil afetados. Comum em populações afrodescendentes, é causada por uma alteração genética na hemoglobina, proteína presente nas hemácias – glóbulos vermelhos do sangue – que ajuda no transporte do oxigênio.
A mutação faz com que as hemácias assumam a forma de foice depois que o oxigênio é liberado aos tecidos. Em baixas tensões de oxigênio, as células se tornam deformadas, rígidas e propensas a se agregarem, ou seja, a formar uma massa celular que adere ao endotélio e dificulta a circulação sanguínea – processo conhecido como vaso-oclusão.
Além de inflamação crônica, o processo vaso-oclusivo pode causar necrose em vários tecidos e crises de dor intensa. É comum o aparecimento de úlceras nas pernas, descolamento de retina, priapismo (ereções prolongadas e dolorosas), acidente vascular cerebral, infartos, insuficiência renal e pulmonar. A doença também compromete os ossos, as articulações e tende a se agravar com o passar dos anos, reduzindo a expectativa de vida dos portadores.
A hidroxiureia é hoje uma das drogas mais usadas no tratamento da anemia falciforme por ser capaz de aumentar a produção de um outro tipo de hemoglobina, conhecida como hemoglobina fetal (mais presente no período de vida uterina). Altos níveis de hemoglobina fetal diminuem a polimerização das hemácias defeituosas e reduzem o risco de vaso-oclusão.
Como qualquer quimioterápico, porém, a hidroxiureia apresenta efeitos adversos. Além de causar náuseas, dores abdominais e de cabeça, tonturas, sonolência e convulsões, pode ainda diminuir a produção de células da medula óssea. Também pode afetar as células reprodutivas e levar à infertilidade.
Já a talidomida, inicialmente usada como sedativo e antiemético (contra náuseas), foi retirada do mercado em todo o mundo nos anos 1960 depois de provocar uma epidemia de recém-nascidos com malformações. Foi posteriormente reintroduzida nos anos 1990 para tratamento de câncer, hanseníase, lúpus e Aids. No Brasil, o uso da talidomida é controlado e a droga é produzida por laboratórios públicos e fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com Santos, no caso da anemia falciforme, a talidomida é interessante por seus efeitos anti-inflamatórios. “Nós aproveitamos da talidomida a subunidade responsável pelos efeitos anti-inflamatórios benéficos e acrescentamos à molécula o mecanismo de ação da hidroxiureia, relacionado à capacidade de doar óxido nítrico – mediador responsável pelo aumento da hemoglobina fetal. Nos ensaios de toxicidade feitos até o momento, o Lapdesf1 não apresentou nenhum dos efeitos negativos dos fármacos originais”, disse.
O desenho inicial da molécula foi realizado ainda durante o mestrado de Santos, sob a orientação da professora Chung Man Chin, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFAR) da Unesp de Araraquara. Os resultados foram publicados em 2011 no Journal of Medicinal Chemistry.
Durante o doutorado de Santos, realizado com Bolsa da FAPESP, o grupo aperfeiçoou a molécula para que fosse possível modular a velocidade de doação de óxido nítrico. Os dados foram divulgados em 2012 também no Journal of Medicinal Chemistry.
Testes pré-clínicos
Depois que experimentos preliminares in vitro comprovaram o potencial terapêutico do Lapdesf1, o grupo da Unesp firmou parceria com os pesquisadores do Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro) da Unicamp para a realização de ensaios em camundongos modificados geneticamente para desenvolver um quadro muito parecido com a anemia falciforme.
Os ensaios, conduzidos pelas pesquisadoras Carolina Lanaro e Carla Penteado, estão sendo realizados no âmbito de um Projeto Temático coordenado na Unicamp pelo professor Fernando Ferreira Costa.
“Os ensaios foram feitos no laboratório da Georgia Regents University, nos Estados Unidos, pois os pesquisadores de lá tinham o modelo animal mais adequado para esse tipo de teste”, contou Penteado.
Cerca de 20 roedores, ao completar 3 meses de idade, foram divididos em dois grupos. Metade foi tratada com o Lapdesf1 durante dois meses. A outra metade recebeu apenas placebo.
“No grupo tratado, a quantidade de hemoglobina fetal dobrou após esse período – resultado semelhante ao obtido com a hidroxiureia. Já a quantidade de citocinas inflamatórias havia diminuído mais de 70% – efeito semelhante ao obtido com a dexametasona (corticoide também usado contra inflamação). Nenhum dos animais apresentou efeitos adversos”, disse Penteado.
Enquanto aguarda a possibilidade de iniciar os primeiros ensaios em humanos, o grupo da Unicamp tenta desvendar in vitro e por meio de novos testes com animais o mecanismo exato de atuação do novo medicamento. Os resultados devem ser publicados em breve.
Novas possibilidades
Santos e Man Chin, por sua vez, continuam trabalhando no aperfeiçoamento da molécula. Em outro projeto de pesquisa, os pesquisadores selecionaram três variações do fármaco sintetizadas durante a pesquisa de doutorado e acrescentaram elementos capazes de causar um outro efeito muito interessante para o tratamento da anemia falciforme: inibir a agregação da plaquetas.
Introduzimos entre as duas subunidades da molécula – a da talidomida e a da hidroxiureia – um espaçador que também tem uma atividade biológica. Metaforicamente, seria como colocar um mola para unir duas bolas. Esse espaçador foi usado para melhorar o reconhecimento das substâncias pelos receptores biológicos”, explicou Santos.
Testes preliminares feitos in vitro e em camundongos mostraram que a nova versão do fármaco mantém as propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, doadoras de óxido nítrico e também foi eficaz para impedir a agregação das plaquetas – o que deve reduzir ainda mais o risco de vaso-oclusão.
Santos ainda coordena outro projeto de pesquisa, financiado pela FAPESP e pela farmacêutica GlaxoSmithKline, cujo objetivo é desenvolver uma droga que apresente o mesmo potencial terapêutico do Lapdesf1, mas que não tenha semelhança estrutural com a talidomida. O projeto está em andamento e conta com a participação dos pesquisadores da Unesp e Unicamp. 

domingo, 18 de agosto de 2013

ALZHEIMER/PREVENÇÃO - Um teste com fotos de celebridades identifica precocemente demências

Fotos de celebridades ajudam diagnóstico de forma de demência

Pedir a pacientes que identifiquem fotos de pessoas famosas - como Elvis Presley ou a princesa Diana, por exemplo - pode ajudar médicos a identificar traços precoces de um tipo de demência, dizem pesquisadores.
Elvis Presley (AP)
(imagem - foto colorida do cantor Elvis Presley com sua roupa típica e personalizada, branca, segurando um microfone - fotografia AP Associeted Press)
Atualmente, médicos usam testes de agilidade mental para tentar diagnosticar a doença. Especialistas dos EUA acreditam que um teste adicional de reconhecimento facial pode ajudar esse diagnóstico. 
Segundo um pequeno estudo publicado no periódico Neurology, o método do reconhecimento facial ajudou a identificar sinais de um tipo de demência em 30 pacientes.
Mas novos estudos são necessários para saber se a iniciativa serve também para notar outras variações da doença.
Pontos para rostos
A pesquisa, da Universidade Northwestern, em Chicago, descobriu que pessoas com afasia primária progressiva (APP) - uma forma rara de demência - em fase inicial tiveram dificuldades em identificar fotos em preto e branco de pessoas famosas, como John F Kennedy, Albert Einstein e Martin Luther King.
Os participantes receberam pontos para cada rosto que conseguiam reconhecer. Se eles não conseguissem lembrar o nome da pessoa famosa, podiam tentar identificá-la descrevendo-a.
Comparados com 27 voluntários sem sinais de demência, 30 pacientes pontuaram muito pouco no teste facial.
Ainda que seja normal que qualquer pessoa esqueça nomes e rostos ocasionalmente, o fato de esquecer-se de famosos como Elvis Presley pode ser indicativo de problemas mais sérios.
Após o teste, os pacientes foram submetidos a exames médicos, que revelaram perda de tecido cerebral em áreas que lidam com o reconhecimento facial.
Nuances
Para Tamar Gefen, líder da pesquisa, o teste pode ser útil se somado a outros já usados por médicos para detectar a demência.
"Há muitas nuances e diferenças (nos diagnósticos de) demência, então é bom usar diferentes testes", disse ela.
O teste de celebridades, porém, teria de ser adaptado para cada indivíduo. Alguém de 45 anos pode não reconhecer, por exemplo, estrelas de Hollywood dos anos 30; e um paciente de 80 anos talvez não identifique famosos atuais.
"É importante dar um diagnóstico preciso para portadores de demência, para que eles possam buscar o cuidado e o tratamento adequados", diz a médica Marie Janson, do grupo Alzheimer's Research UK, ressaltando que são necessários novos estudos.
"Diferentes formas de demência podem ser difíceis de se identificar. Estudos como este podem ampliar nosso entendimento sobre como o cérebro é afetado, mas precisamos investir em mais pesquisas para que esses resultados possam ser usadas para um melhor diagnóstico."
Para a Sociedade de Alzheimer britânica, o teste pode ajudar a identificar formas raras de demência "que poderiam passar despercebidas". Mas a entidade ressalta que "problemas de reconhecimento facial não são sintomas de todos os tipos de demência, então precisamos de mais estudos para saber se adaptações desta abordagem podem ter uma aplicação mais ampla".
LEIAM TAMBÉM NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET

MÃES, ALZHEIMER E MÚSICA.http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/05/maes-alzheimer-e-musica.html

sábado, 17 de agosto de 2013

DIREITOS HUMANOS/TORTURA - Livro faz histórico da Operação Bandeirantes com o DOI-COI nos Anos de Chumbo

"PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA"  - Livro de Mariana Joffily 

Pau de arara
(imagem - foto em preto e branco, com um homem negro preso ao que se chama de Pau de Arara, um ferro suspenso, ferramenta de Tortura,onde se aprisiona a pessoa com as mãos amarradas sobre as pernas dobradas e presas ao ferro, deixando a pessoa vulnerável e exposta aos torturadores. Foi usado na Ditadura Militar e, lamentavelmente, ainda persiste com meio de tortura no Brasil - fotografia de difusão da matéria)

"Na relação do torturador com o torturado a única coisa que não pode acontecer é você falar 'não falo'. Se você falar 'não falo', dali a cinco minutos você pode ser obrigado a falar, porque eles sabem que você tem algo a dizer" (trecho do depoimento de Dilma Rousseff, sobre a tortura sofrida durante o período militar no Brasil)

  por Patrícia Beloni


A atual presidente e outros ex-prisioneiros e vítimas desse regime contribuíram com suas histórias para a produção do livro No Centro da Engrenagem – Os Interrogatórios na Operação Bandeirante e no DOI-CODI de São Paulo (1969-1975), de Mariana Joffily. A produção é fruto da tese de doutorado em História Social, na USP, constituída por uma coletânea do Prêmio de Pesquisa Memórias, com base no Dossiê 50-Z-9, composto por 5.419 sessões, com 1.324 pessoas inquiridas.

Não é de hoje a busca pelo acesso aos arquivos e aos documentos oficiais que possibilite melhor esclarecer o funcionamento dos aparatos repressivos durante a ditadura militar, em especial o envolvimento das forças armadas, explica o professor Sérgio Adorno, do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, que redigiu a apresentação da publicação. 

Tanto a sociedade civil quanto a sociedade política têm se mobilizado para evitar o esquecimento das graves violações de diretos humanos cometidas contra a dissidência política. O meio acadêmico não fica de fora. A necessidade de análises e estudos que explicassem como o golpe de Estado e seus desdobramentos foram possíveis ampliou a atuação do meio acadêmico, do qual este livro faz parte, complementa Adorno.

Dentro da engrenagem 

“Com o seu livro, Mariana Joffily nos ajuda a entender por que o passado ainda não passou no Brasil”, palavras do professor Luiz Felipe de Alencastro, da Cátedra da História do Brasil da Universidade Paris Sorbonne e autor do prefácio da publicação. A pesquisa de Mariana surgiu a partir de um duplo questionamento dos tempos militares: qual a funcionalidade desses interrogatórios na engrenagem da repressão? Em que medida tais interrogatórios esclarecem o funcionamento desses órgãos, seu papel, alcance e resultados pretendidos?

Com base nessas dúvidas, o livro tornou-se um trabalho historiográfico e científico, que toma por base os interrogatórios preliminares de militantes das diversas tendências de esquerda, acusados de subversão, realizados no âmbito da Operação Bandeirante e do DOICODI, em São Paulo, no período de 1969-1975. São dados, depoimentos e análises em conjunto com os diálogos dos principais estudiosos do campo, com referências bibliográficas dos últimos 30 anos, que tentam elucidar um período da história do País que ainda não teve um ponto final.

O livro tem quatro capítulos que questionam e analisam esses interrogatórios, acompanhando minúcias, detalhes, cada passo, cada gesto, com as técnicas e linguagens dos repressores. “Difícil não imaginar a partir da leitura da transcrição minudente desses interrogatórios o que se passava nas salas, os movimentos em torno das sessões, o claro-escuro da ambientação, o tom das vozes, as ameaças, os gritos dos torturados, os jogos de palavras capazes tanto de extorquir confissão quanto arrependimento dos inquiridos, o sadismo dos interrogadores”, diz Adorno, também coordenador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP.

O livro se inicia com a descrição de outros estudos das razões que motivaram a criação da Operação Bandeirante e, em seguida, do DOI-CODI e suas fronteiras entre o legal e o ilegal. O ponto alto são as análises das dimensões discursivas do interrogatório. É nesse meio que a autora busca descobrir uma rede de diferentes atores, operações, estruturas, processos e rotinas de funcionamento da repressão, revelando as sutilezas do aparato em obstinada vontade de saber e de poder, e, por fim, a funcionalidade da tortura e suas técnicas. “Estudos como este contribuem decisivamente para romper silêncios, combater essa sorte de aquiescência para com a tortura e, na melhor das hipóteses, buscar alternativas em lideranças políticas jovens capazes de reconstruir, sob o signo da memória e da verdade, os elos entre o passado e o presente”, completa o professor Sérgio Adorno.

O livro
Mariana Joffily 
No Centro da Engrenagem – Os Interrogatórios na Operação Bandirante e no DOI-CODI de São Paulo (1969-1975)
São 
Paulo, Edusp, 2013, 352 págs.

Fonte: Jornal da USP Online  http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=11&id_noticia=221442

LEIA TAMBÉM NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET -  

ONDE NASCEM E MORREM OS DIREITOS HUMANOS? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/11/onde-nascem-e-morrem-os-direitos.html

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA/EUGENIA - Na Inglaterra é determinada esterilização de deficiente intelectual

Tribunal britânico decide esterilizar deficiente intelectual "em seu próprio interesse"

Um tribunal britânico deliberou hoje, pela primeira vez, que um homem com deficiência mental, considerado como "incapaz" de utilizar corretamente os vários métodos de contracepção disponíveis, será esterilizado "em seu próprio interesse".

(imagem - foto colorida da Bandeira da Inglaterra, nas cores azul, vermelho e branco, que tremula ao vento, hasteada sobre o fundo azul celeste, arquivo Reuters)

O homem de 36 anos, designado como "DE", é pai de uma criança com cerca de três anos e não pretende ter mais filhos.  
De acordo com os médicos que acompanharam este caso, o homem, dotado  de um quociente de inteligência (QI) de 40, equivalente ao de uma criança entre os seis e os nove anos de idade, não reúne as condições mentais necessárias para decidir sobre a realização de uma vasectomia.  
O pedido para o procedimento foi apresentado pelos pais do homem, pelo seu médico de família e pelos serviços sociais. 
"DE", que vive com os pais em Midlands, na região centro de Inglaterra, tem uma vida sexual ativa com a namorada, designada como "PQ", que também é deficiente mental. 
 No entanto, o casal, junto há 10 anos, não consegue recorrer aos vários métodos de contraceção disponíveis, o que dificulta a prevenção de uma nova  gravidez. 
Perante a incapacidade do casal de usar qualquer tipo de contraceção, as autoridades decidiram, após o nascimento do primeiro filho do casal, tomar medidas concretas, nomeadamente evitar que "DE" tivesse sozinho com a namorada. 
 Segundo explicou a juíza Eleanor King, "DE" ficou muito perturbado com a presença do filho e não compreendeu que a criança era uma consequência das relações sexuais que mantinha com a namorada. 
A vasectomia é "definitivamente em seu próprio interesse", indicou a juíza, sublinhando que, após a operação, o homem poderá retomar o relacionamento com a namorada, bem como reconquistar "as suas capacidades e a sua independência".
A esterilização forçada de deficientes, amplamente praticada na primeira metade do século XX sob a influência da doutrina do eugenismo (conjunto dos métodos que visam melhorar o património genético de grupos humanos), foi considerada como um crime contra a humanidade depois da adoção do Estatuto  de Roma em 1998 (que instituiu o Tribunal Penal Internacional). 
"Este caso não está relacionado com o eugenismo e não é a história de  um homem que será submetido a uma vasectomia contra a sua vontade", afirmou  Angus Moon, representante de "DE" no tribunal. 
"Estamos perante um caso excecional, o primeiro nesta jurisdição  1/8Inglaterra  e País de Gales 3/8, e não é suposto autorizar outras vasectomias em outros  deficientes mentais", referiu o representante
LEIAM TAMBÉM SOBRE O TEMA NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET - 

EUGENIA – Como realizar a castração e esterilização de mulheres e homens com deficiência? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/01/eugenia-como-realizar-castracao-e.html