sexta-feira, 31 de outubro de 2014

SAÚDE MENTAL/SUICÍDIO - Criado app para prevenção de depressão e risco de suicídio

Organização de caridade lança app para detectar depressão e risco de suicídio

A organização de caridade Samaritans lançou um novo aplicativo que notifica usuários do Twitter se uma pessoa que segue seu perfil no site parece ter vontade de se suicidar.
Divulgação
(imagem - foto colorida da matéria, com um smartphone sendo acessado por uma pessoa que dirige o dedo indicador para sua tela de toque - com o programa que acompanha pessoas pelo Twitter para detectar pedidos de ajuda de que está seriamente deprimido)
O programa Samaritans Radar usa um algoritmo para identificar palavras-chave e frases que indicam este estado, como "cansado de estar sozinho", "me odeio", "deprimido", "ajude-me" e "preciso falar com alguém".
Usuários que se inscreveram para participar da iniciativa receberão um alerta por email quando alguém fizer este tipo de declaração.
O aplicativo questiona se os tuítes são motivo de preocupação.
A organização diz que não se envolverá diretamente nestes casos a não ser que isso seja pedido.
Joe Ferns, diretor-executivo de políticas, pesquisa e desenvolvimento da Samaritans, disse à BBC que o aplicativo não foi feito para ser uma ferramenta de monitoramento de usuários.
"O Radar apenas capta tuítes públicos, dando a oportunidade de que eles sejam vistos por aqueles que já os poderiam ver de qualquer forma", ele afirmou.
"Mas imagine que um amigo postou algo de madrugada e que você está a caminho do trabalho, e sua conta tem uma série de tuítes que parecem ser menos importantes - o Radar dá a oportunidade de ver esse tuíte de novo ao destacá-lo. Isso não é bisbilhotar ou invadir a privacidade de alguém. Trata-se apenas de mostrar algo para que você possa fazer alguma coisa sobre isso."
O aplicativo foi criado principalmente para um público com idades entre 18 e 35 anos.
"Eles são 'nativos digitais' - cresceram usando novas tecnologias e são a primeira geração a crescer com computadores em suas casas", disse Patricia Cartes, diretora global de segurança e confiança do Twitter.
"São o grupo mais ativo em plataformas sociais e passam uma média de três horas por dia em redes sociais."
A Samaritans diz que buscará levar o serviço para outras mídias sociais no futuro.
FONTE - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141028_app_depressao_suicidio_rb
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O SUICÍDIO, ADENTRANDO AO MAR E AO NÃO HÁ MAR...http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2014/08/o-suicidio-adentrando-ao-mar-e-ao-nao.html

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

SAÚDE MENTAL/ DEPRESSÃO MATERNA - Inglaterra tem custos alarmantes por não cuidar de mães com depressão

Descaso com depressão materna custa mais de R$ 32 bilhões ao Reino Unido

A sociedade britânica está pagando um preço "alarmante" por não lidar de maneira adequada com problemas psicológicos que afetam gestantes e mães de bebês de até um ano.
Grávida (PA)
(Imagem - foto colorida da matéria BBC - com uma mulher segurando sua barriga grávida, com um relógio no pulso direito, á frente)
A análise é de um estudo feito pelo Centro de Saúde Mental da London School of Economics (LSE) que concluiu que, se contabilizados todos os nascimentos em um ano, há um custo a longo prazo de 8,1 bilhões de libras (o equivalente R$ 32,5 bilhões) proveniente de problemas psicológicos maternos, como a depressão pós-parto.
Uma em cada cinco mulheres britânicas desenvolve algum tipo de distúrbio psicológico durante a gravidez ou nos meses após o nascimento do filho, diz o estudo.
Depressão, ansiedade e problemas como esquizofrenia e bipolaridade são alguns dos riscos.
O estudo afirma que esses problemas são de "importância vital" por prejudicarem o bem-estar da mãe e "causar danos na saúde emocional e no desenvolvimento cognitivo e até físico da criança".
Dos 8,1 bilhões de libras gastos em decorrência desses problemas, um quinto é relativo ao setor público, incluindo o NHS (serviço público de saúde, equivalente ao SUS brasileiro) e a serviços sociais.
Já o restante está relacionado a gastos mais amplos e indiretos, como a perda de emprego por conta da depressão materna.
Investimento
O Ministério da Saúde britânico diz que vem investindo em treinamento de profissionais para lidar com problemas psicológicos maternos.
Os autores do estudo, no entanto, criticam o que chamam de serviços e tratamentos "improvisados" em todo o país, acrescentando que metade dos casos de depressão não foram nem ao menos detectados e que muitas mulheres não recebem tratamento adequado.
"Problemas psicológicos entre gestantes e mães são comuns e custosos", disse Alain Gregoire, chefe do Maternal Mental Health Alliance, instituto corresponsável pelo estudo.
"A boa notícia é que as mulheres podem se recuperar totalmente quando recebem o tratamento adequado. Por isso, é vital que todas as mulheres recebam a ajuda especializada que necessitam."

Impacto nas crianças

A pesquisadora Annette Bauer, principal responsável pelo estudo, disse que as conclusões da pesquisa são "vitais" para a economia e para a sociedade como um todo. "Especialmente por conta do potencial impacto negativo que esses problemas podem ter nas crianças."
"Para proteger a saúde da família no longo prazo, a intervenção precisa começar antes de a criança nascer, ou logo em seguida. Isso porque os benefícios são muito altos e os custos podem ser compensados em um curto período de tempo."
O Ministério da Saúde britânico afirmou que no futuro todas as parteiras (que na Grã-Bretanha são responsáveis por partos de baixo risco e podem acompanhar as mães nos meses seguintes ao nascimento) terão treinamento para lidar com problemas psicológicos das mães.

Realidade brasileira

Segundo o estudo britânico, até 20% das mulheres desenvolvem algum tipo de problema psicológico durante a gravidez ou até um ano após dar à luz.
No Brasil, os números são semelhantes. Embora não haja uma pesquisa ampla e nacional sobre o tema, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que a depressão materna foi detectada em 26% das mães entre 6 e 18 meses após o parto, sendo mais frequente entre as mulheres de baixa condição social e econômica, nas pardas e indígenas, nas mulheres sem companheiro, que não desejavam a gravidez ou que já tinham três ou mais filhos.
"A depressão materna é um evento pouco diagnosticado e muito menos tratado. Poucos países adotam estratégia de rastreio de depressão durante a gestação e após o parto e, mesmo assim, sem cobertura universal, mesmo no Reino Unido", disse Mariza Theme, pesquisadora da Fiocruz responsável pelos dados relativos à depressão materna no estudo Nascer no Brasil.
fonte - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141027_depressao_materna_mdb
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OS NOSSOS CÃES desCOLORIDOS - Nossas "depressões" e o Dia Mundial da Saúde Mental http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/10/os-nossos-caes-descoloridos-nossas.html

ALZHEIMER/PESQUISAS - Cientistas brasileiros identificam novo mecanismo do Proteassoma e abrem perspectivas terapêuticas

Estudo sobre degradação de proteínas traz base para pesquisa em Alzheimer

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
(imagem - foto colorida da matéria, com um mão com luva azul, de um pesquisador, introduzindo um tubo de ensaios, da pesquisa que pode trazer novas terapias para doenças neurodegenerativas)

Cientistas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), sediado no Instituto de Química (IQ) da USP, identificaram novo mecanismo de funcionamento do proteassoma e sua relação com a degradação de proteínas oxidadas. Tal conhecimento é importante porque as proteínas, quando oxidadas, se agregam. Estas agregações são, em geral, identificadas em doenças neurodegenerativas, como o Parkinson e Alzheimer, entre outras. “O proteassoma é também uma proteína, porém com a capacidade de degradar as proteínas oxidadas”, explica a professora Marilene Demasi, do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan, que integra a equipe do Redoxoma

O estudo, que é coordenado pela professora Marilene, poderá servir de base a novas pesquisas que visem o desenvolvimento de novas terapias contras estas doenças. A pesquisa foi publicada na edição especial da revista internacional Archives of Biochemistry and Biophysics, na edição de setembro deste ano.
Os experimentos foram realizados nos laboratórios do Redoxoma, no Instituto de Biociências (IB) da USP e no Instituto Butantan. Para identificar os mecanismos do proteassoma e sua ação na degradação das proteínas oxidadas, os cientistas utilizaram uma levedura chamada Saccharomyces cerevisiae. “Trabalhamos com as células da levedura em meios de cultura de glicose e glicerol”, descreve Marilene. “Nos testes realizados com a levedura em glicose, observou-se maior capacidade de degradar as proteínas oxidadas”, descreve a pesquisadora. Ela explica que, neste caso, o maior poder de degradação está numa modificação específica do proteassoma, denominada de glutatiolação. “O 20s-proteassoma quando glutatiolado degrada a proteína oxidada com maior velocidade”, observa a professora.

Estrutura do proteassoma

Os experimentos permitiram aos cientistas conhecer a estrutura modificada do proteassoma. Segundo Marilene, a proteína possui uma estrutura cilíndrica, apresentando um núcleo central dito catalítico e outras duas partes, uma em cada extremidade da forma cilíndrica. A estrutura das extremidades regula a abertura e fechamento da câmara catalítica do proteassoma. Quando aberta, facilita a entrada das proteínas oxidadas. Nos experimentos com a glicose, esta abertura mostrou-se maior, o que coincidiu com o aumento do conteúdo de proteínas oxidadas nas células crescidas em glicose, ou seja, nessa condição a célula está adaptada para remover proteínas oxidadas devido à modificação que o proteassoma sofre abrindo sua câmara catalítica.
O artigo 20S proteasome activity is modified via S-glutathionylation based on intracellular redox status of the yeast Saccharomyces cerevisiae: Implications for the degradation of oxidized proteins, foi veiculado na edição especial de setembro da Archives of Biochemistry and Biophysics – Antioxidants and Redox Processes in Health and Disease – Bilateral Meeting Brazil-Japan, com artigos de revisão e artigos completos de alguns dos trabalhos mais importantes apresentados no congresso bilateral organizado em 2013, na USP.
Além da professora Marilene, assinam o artigo a aluna Erina Ohara, o técnico de laboratório Adrian Hand, do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan; Cristiano L.P. Oliveira e Renata N. Bicev, do Instituto de Física (IF) da USP; Clelia A. Bertoncini, da Universidade Federal de São Paulo, e Luis E.S. Netto, professor titular do Instituto de Biociências (IB) da USP, também membro do INCT Redoxoma.
Mais informações: email marimasi@butantan.gov.br
fonte - http://www5.usp.br/67963/estudo-sobre-degradacao-de-proteinas-pode-ser-base-para-tratar-doencas-degenerativas/

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ALZHEIMER/PESQUISAS - Na Escócia é desenvolvido estudo para prevenção com exames de vista

Estudo investiga diagnóstico de Alzheimer pelos olhos


Pesquisadores das universidades de Dundee e Edimburgo, na Escócia, realizarão um estudo que pretende revolucionar o diagnóstico da doença de Alzheimer.
Alzheimer's eye diagnosis
*(imagem - fotografia de um olho humano com hiper aproximação e ampliação que permite ver os vasos sanguíneos e  outros detalhes anatômicos, pois os pesquisadores escoceses acreditam que mutações em veias oculares podem revelar indícios de ocorrências do Alzheimer)
O objetivo é viabilizar a detecção da doença degenerativa a partir de exames de vista.
Pesquisas prévias sugerem que mudanças nas veias e artérias oculares podem estar ligadas à ocorrência de derrames e doenças cardíacas.

Envelhecimento

O estudo das universidades escocesas quer descobrir se tais alterações também não poderiam ser um "alerta prévio" para o Alzheimer, mal que atinge mais de 35 milhões de pessoas no mundo, segundo estatísticas da ONG Alzheimer's Disease International.
Com o uso de um software especialmente desenvolvido para o projeto, os pesquisadores vão analisar imagens em alta definição de olhos e também estudar uma base de dados médicos do Ninewells Hospital, o maior hospital universitário da Europa.
Para o líder do estudo, Emanuele Trucco, a importância do projeto está na possibilidade de diagnósticos preventivos baratos.
"Estamos examinando a possibilidade de podermos examinar os olhos de um paciente usando equipamento que não custa uma fortuna para termos a chance de descobrir o que pode ser o risco de demência", explica Trucco.
"Além de não ser um método invasivo, poderemos ainda estudar o uso do teste para diferenciar os tipos variados de demência".
O projeto custará cerca de R$ 4 milhões e a verba foi doada ao Conselho de Pesquisas em Engenharia e Ciência, uma agência do governo da Grã-Bretanha.
"O país enfrenta um grande desafio nas próximas décadas. Temos uma população envelhecendo e um provável aumento no número de casos de demência", explica Philip Nelson, presidente da agência.
Com início previsto para abril de 2015, o estudo terá duração de três anos.
fonte - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141027_estudo_alzheimer_fd
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MÃES, ALZHEIMER E MÚSICA. http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/05/maes-alzheimer-e-musica.html

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

SAÚDE MENTAL/MANICÔMIOS - Documentário Zelal é primeiro a revelar instituições psiquiátrica do Egito

Questão manicomial no Egito é retratada em documentário

Cineasta egípcia Marianna Khoury veio ao Brasil divulgar seu filme Zelale falar sobre assuntos relacionados à temática
*(imagem - foto colorida da divulgação do documentário, com um homem que olha através de grossas grades de ferro, denunciando seu enclausuramento)
Zelal é o primeiro registro cinema­tográfico sobre instituições psiquiátricas em países árabes. Dirigido pelos cineas­tas Marianne Khoury e Mustapha Has­naqui e lançado em 2010, ganhou o prê­mio da crítica internacional do Festival de Cinema de Dubai no mesmo ano.
A cineasta egípcia Marianna Khoury veio ao Brasil participar da estreia de Ze­lal e de debates com o público na 9ª Mos­tra Mundo Árabe de Cinema, organizada pelo Instituto da Cultura Árabe (Icara­be), entre agosto e setembro.
Marianna é diretora da Misr Interna­tional Film e do projeto Misr Film Fo­cus, voltado aos talentos egípcios emer­gentes, além de atuar como jurada em di­versos festivais realizados nos países ára­bes. É sobrinha do grande cineasta egíp­cio (falecido em 2008) Youssef Chahi­ne, com quem trabalhou por mais de 30 anos.
Dirigiu seu primeiro documentário, The Times of Laura, em 1999. Em 2002, lançouWomen Who Loved Cinema. Am­bos os documentários tiveram reconhe­cimento pela crítica e abordam o traba­lho inovador de mulheres no Egito há sé­culos.
Em relação às mulheres egípcias, Ma­rianne afirma que o discurso opressor muitas vezes divulgado é parte de um es­tereótipo e não condiz com a realidade.
Desde quando recebeu o convite, a ci­neasta nunca hesitou em vir ao Brasil. Ela inclusive já tinha a representação imaginária do país. Nas ruas do centro de São Paulo, sentiu como se estivesse no Cairo e viu muitas similaridades en­tre as cidades, como o dinamismo e a vi­talidade.
Zelal é um registro muito importan­te para ela. A ideia inicial era entrar nos hospitais psiquiátricos com uma peque­na câmera e fazer tudo sozinha, como som e captação das imagens, mas ao per­ceber a grande dimensão desse projeto, ligou para Mustapha Hasnaqui, co-dire­tor do filme, e o convidou para o realiza­rem juntos.
O documentário foi filmado em Abas­siya, que é o maior hospital psiquiátrico público do Egito. Existem vários hospi­tais internos interligados a essa institui­ção mental, ativa no país há mais de um século. Há alas destinadas aos homens, às mulheres, às crianças, às pessoas que cometeram crimes e tenham suspeita de ter alguma doença mental e outras. O fil­me retrata uma ala feminina e uma ala masculina.
Oito meses
A cineasta conta que isso tudo é parte da vida dela e foram três anos de envol­vimento profundo com o tema, dos quais oito meses são de idas rotineiras ao hos­pital. Mesmo após a realização do filme, ela visitava as famílias dos pacientes.
O mais interessante no filme é a inten­ção em mostrar que as pessoas retratadas podiam ser qualquer um de nós e que­brar a ideia de que essas pessoas, nessas instituições, são pessoas estranhas que fazem coisas estranhas. Quebrar o es­tigma com a saúde mental. Elas não so­mente poderiam ser nossas mães, nossos pais, nossos vizinhos, nós mesmos, mas ressaltar a qualidade da fala dessas pes­soas, do discurso delas.”
A diretora enfatiza a importância de aprender com as experiências de outras pessoas. Cita uma exibição feita na Jor­dânia, com a presença de especialistas, terapeutas e médicos. Havia uma anti­ga paciente que atualmente é diretora de um instituto e cuida de pessoas que pas­sam por problemas mentais. “Isso de­monstra a importância de destacar a au­tossuficiência das pessoas, em todos os sentidos. Autossuficiência, autonomia, independência, inclusive do ponto de vista financeiro.
A motivação que a levou retratar a vida das pessoas que vivem em manicômios partiu da vontade de entender mais so­bre as histórias humanas. Esse é o tipo de trabalho que ela faz e está interessada em desenvolver: poder contar histórias atra­vés de documentários. Ela quis dar voz para essas pessoas e estar próxima delas. Marianne pontua que são “pessoas incrí­veis, porque são pessoas que não men­tem, sendo possível conhecer a socieda­de egípcia”.
A cineasta conta ter tido sorte em con­seguir as permissões para filmar dentro do manicômio, sabendo não ser algo co­mum no Egito. Ela levou alguns filmes referenciais que abordam a questão pa­ra mostrar ao diretor do hospital, como a obra estadunidenseUm Estranho no Ni­nho, além de um filme argelino, um fran­cês e um italiano, e disse o quanto seria interessante produzir algo parecido no país. Ele se animou. Como inspiração pessoal, Marianne também cita os livros de Michel Foucault.
A equipe, composta por cinco pesso­as, circulou de maneira irrestrita e natu­ral dentro do espaço, durante oito meses. Como resultado, conseguiram 100 horas de material bruto, para depois ser edita­do e chegar à versão final, com 90 minu­tos. Marianne teve a preocupação de fa­zer o documentário com as percepções e falas dos internos, ou seja, “as vozes que estão dentro do hospital”, e não as vozes institucionais.
As histórias
Marianne explica que a estrutura nar­rativa de Zelal foi contada como um ci­clo. Primeiro mostra as pessoas sendo in­ternadas no manicômio, depois apresen­ta o cotidiano delas e a terceira parte é a tentativa das pessoas saírem do hospital. “Intencionalmente não há nenhuma tri­lha sonora, nenhuma outra música que não fosse os sons que saíssem lá de den­tro, para manter a originalidade e auten­ticidade do espaço.”
Todos os pacientes que aparecem con­sentiram em participar. Não houve ne­nhuma câmera escondida. A única soli­citação foi para que não exibisse a parte destinada aos detentos, os pacientes com condenação criminal.
Há um ambiente de normalidade den­tro do manicômio que faz questionar o que é a loucura e os motivos pelos quais as pessoas lá internadas são considera­das loucas. “Muitas dessas pessoas quan­do entraram no hospital realmente não tinham nada que pudesse ser considera­do como loucura, entraram por diferen­tes razões, como por exemplo, a mulher cujo irmão queria que ela casasse. Ela deu um tapa no irmão, então, ele a inter­nou”, conta Marianne. Essa senhora ci­tada, que há 20 anos vive no manicômio, diz em uma das cenas: “Enterrei minha miserável juventude aqui”.
Outra situação mostrada é a de uma mulher que insistiu muito para estar no filme, que foi internada após não acei­tar a indiferença do marido depois do casamento. A interna relata que se ar­rumava para ele, que a rejeitava. Com isso, se satisfazia com a masturbação. “Ele não me dava amor e carinho. E fa­ço comigo mesma até sangrar. Graças a Deus, não tive filhos, porque ele iria ti­rá-los de mim”.
A questão de gênero é amplamente apresentada, através dos relatos das mu­lheres internas, cuja maioria foi colocada no manicômio pelos próprios maridos ou familiares que não as aceitam. Esse é um momento importante do filme, enfatiza a cineasta, pois possibilita ao espectador olhar e dizer que essas mulheres não são loucas, porque falam a verdade.
Em Abassiya, há internações obriga­tórias, quando parentes levam a pessoa ao hospital sem o consentimento, e vo­luntárias. Um dos exemplos de paciente voluntário é Walid, um jovem cuja mãe julga ser doente por se negar a seguir a mesma religião que ela e falar sozinho. O rapaz, que não aparenta nenhum tipo de transtorno, argumenta que resolveu se internar para descobrir se tem algum problema neurológico.
As histórias contadas envolvem princi­palmente conflitos familiares. Aliadas às questões religiosas e políticas, são as três principais esferas que os colocam apri­sionados em manicômios.
Segregados de uma sociedade que não aceita o diferente e os julga, as vozes lançadas transbordam lucidez. Yousef, um dos homens internos no manicô­mio, é questionador e apresenta um dis­curso coerente e necessário. Ele mostra as péssimas condições dos móveis nos quartos, a precariedade das instalações elétricas e aponta as injustiças. “Quando se está preso se obedece ordens. O aju­dante acha que é Deus, eu sou só o ca­chorro dele”, fala, com muito esclareci­mento sobre sua situação, e filosofa, em outro momento: “Eu sou louco. Vocês são os lunáticos”.
Outro caso complexo é o do jovem Sa­bry, que por problemas familiares e pres­sões sociais, há anos estabelece uma re­lação de entradas e saídas da instituição psiquiátrica. “Eu chorava no começo. Fu­gi três, quatro vezes. Quando todos dor­miam eu pulava a cerca. Eles me traziam de volta. Eu fugia de novo. Estou aqui há um tempo. Tenho 22 anos. Vim quando tinha 14 anos. Quem vai para um hospí­cio com 14 anos?”, pergunta, para depois completar com a afirmação de que, ca­so tivesse uma relação familiar saudável, não passaria por essa situação.
O jovem também fala dos preconceitos enfrentados ao sair do manicômio, pe­lo estigma que existe em relação à ques­tão manicomial e às doenças mentais. Há uma parte do filme que o mostra toman­do eletrochoque pela equipe médica, tido como parte do tratamento. O rapaz, com argumentos contundentes, afirma que a sociedade julga quem passa por institui­ções psiquiátricas e fala sobre quanto o amparo familiar poderia mudar a reali­dade manicomial. “Eles nos privam de piedade e amor. Ninguém nos quer”.
Quando um funcionário, em uma das cenas, tenta explicar a situação de um paciente o qual ele aponta como um ‘caso especial’, que diz ter sido jogado lá e que eles cuidam (embora sejam aparentes as negligências com o rapaz, debilitado e vi­sivelmente dopado de remédios, ao pon­to de babar enquanto fala), o interno faz denúncias, mesmo deitado e fragilizado. “Mahmoud [funcionário do hospital] ba­teu em mim. São maus comigo”, se po­siciona.
Quem é louco?
Foi justamente por isso que fiz o filme, para questionar o que é loucura. Essa foi a questão que me motivou. Quem é lou­co? São pessoas que fazem coisas excên­tricas? Que fazem coisas diferentes das outras pessoas? Pessoas que não se con­formam às regras? Pessoas que não acei­tam? Pessoas que são muito inteligentes? Como, por exemplo Yousef, que é um ra­paz brilhante e, justamente por isso, atrai uma imensa atenção para ele. No Egito, estar o tempo inteiro cercado por outras pessoas pode ser um indicador de caos. É mais cômodo ter esse rapaz internado ou afastado para evitar esse tipo de situa­ção”, pontua Marianne.
Por ser um hospital público, há limi­tações em termos de tratamento. Não há atenção individualizada, nem tera­pia, todos passam pelo mesmo processo e tomam remédios. As condições higiê­nicas são mínimas. O orçamento atribu­ído pelo Ministério da Saúde é baixo. A rotina burocrática do manicômio impe­de planos mais criativos, além de maior preparo educacional por parte dos fun­cionários para garantir melhorias aos pacientes.
Embora Marianne não tenha presen­ciado nenhuma situação de tortura, ela afirma ter escutado ser muito uti­lizada pelos funcionários como forma de punição.
“Se o paciente não estava fazendo o que era esperado dele, se estava se com­portando mal, tomava eletrochoque, que agora é parte do tratamento.” Ela menciona que há torturas físicas e psi­cológicas. “Eles têm que seguir um pro­cesso disciplinar, passam também por uma tortura mental, pela maneira como são tratados.”
Quebra de estigma
O documentário não é simplesmente observacional. Há algo etnográfico e as pessoas falam o tempo todo e conversam entre si, o que gera aproximação com o público. As reações dos espectadores são várias. A cineasta conta que há quem te­nha saído nos cinco minutos iniciais, por não conseguir lidar com a presença da si­tuação manicomial e há pessoas que se identificam e querem saber mais.
No Brasil, em ambos os debates, o pú­blico foi participativo e interessado. Hou­ve momentos de emoção e relatos pesso­ais que envolvem a questão manicomial, bastante parecida nos dois países. Ma­rianne ressalta a qualidade e intensidade das conversas no Brasil. A afinidade foi grande e ela inclusive começou a enten­der algumas palavras em português.
Durante as filmagens, houve a ética em pensar como representá-los através de uma lente. Algumas situações foram evi­tadas, como momentos de refeições, pa­ra respeitar a privacidade.
Há internos que, por terem passado muitos anos reclusos, sentem dificulda­des de adaptação social e acabam por perder referências externas, permane­cendo no manicômio, como no caso de um senhor, Isaac, que trabalha como en­graxate, que está aprisionado desde os nove anos de idade, e foi o único com um pouco de receio em ser filmado, com me­do de perder o emprego alternativo.
Marianne conta que no Cairo, embo­ra seja uma cidade ‘mágica’, há bastan­te agressividade, como muitas cidades grandes de outros países, o que gera me­do em quem não se sente preparado para voltar ao convívio social.
A questão manicomial é ainda um ta­bu. O ciclo vicioso gerado, de constante permanência na instituição psiquiátrica, frustra os pacientes que, não raro, pas­sam grande parte de suas vidas, reclusos. Muitas vezes, eles permanecem encarce­rados não por suas doenças, mas pela re­cusa familiar e social em os aceitarem.
Outro problema é a falta de centros de reabilitação, que faz com que pessoas que tenham problemas com álcool e dro­gas acabem sendo internadas no manicô­mio. Isso fortalece o problema do estig­ma, pois as pessoas, ao saírem, têm que lidar com familiares, vizinhos e pessoas próximas. “É um sistema que acaba sen­do muito agressivo, devido à ausência de equipamentos de reabilitação. O mais importante é justamente aprender com a experiência das pessoas que vivenciam essa situação”, diz Marianne.
Sobre as reformas na questão mani­comial egípcia, há um processo de cons­cientização sendo iniciado, o que possi­bilitou a entrada dos cineastas para fil­mar o documentário. Há um movimen­to civil que intensifica essa visibilidade. Houve uma mudança recente na lei, com o Artigo 4, que é citado no documentá­rio. Esse item coloca que, se o paciente quiser sair, pode. Porém, é uma questão complexa e cultural, e muitos permane­ceram. Foi colocado que os hospitais psi­quiátricos pioram a condição mental das pessoas internas.
O documentário intensifica o contato entre a comunidade manicomial e a so­ciedade e possibilita diálogos que refle­tem a humanidade, através de situações como as relações familiares, religiosas, sexuais e outras questões importantes, a partir das vozes de pessoas incríveis, ro­tuladas de doentes mentais.
O nome do filme, Zelal, em árabe, sig­nifica “sombras”. Marianne  destaca que essa escolha se deu porque “essas pesso­as estão vivendo na sombra da socieda­de e nas suas próprias sombras, que são as histórias reveladas no documentário”.
FONTE - http://www.brasildefato.com.br/node/30244
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SAÚDE MENTAL: quando a Bioética se encontra com a Resiliência.http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/10/saude-mental-quando-bioetica-se_11.html

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA/FOTOGRAFIA - Em Passo Fundo é criado calendário com alunos da Apae

Alunos da Apae viram modelos em calendário da instituição no RS

Iniciativa ocorreu em Passo Fundo e contou com aparato profissional.
Renda do calendário voltará para a instituição em materiais escolares.

imagem - foto colorida da matéria, com uma menina, à esquerda, manuseando um globo terrestre, com dois outros alunos ao fundo, um menino e outra menina, todos pessoas com deficiência) 
Alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul, participaram de uma iniciativa especial. Eles viraram modelos em um projeto da instituição e vão estampar as páginas de um calendário, como mostra a reportagem do Jornal do Almoço (veja o vídeo).
No dia dos cliques, o grupo de 48 pessoas contou com o aparato de um ensaio profissional. Maquiagem, penteados e vários profissionais entre cabeleireiros, maquiadores e fotógrafo.
"Dá para ver no rosto dela que está contente, brincando. Ela gosta de arrumar o cabelo, ela gosta de lugar diferente", comemorou Carlos Camargo, pai de uma das alunas.

Os flashes foram capazes de levantar a auto-estima até dos homens. "Para mim, é uma honra muito grande. Fui escolhido. Fiquei 'louco de faceiro'", contou Edemar Shons, um dos modelos
O calendário foi uma porta de inclusão e também uma ideia para aumentar a renda da instituição. Todo dinheiro arrecadado com a venda retorna para a Apae como material educativo para os alunos.
"A gente percebeu que foi uma maneira de incluí-los na sociedade e mostrar o trabalho que a Apae faz também", disse Silvia Portillo, presidente da Apae.
Além do exemplo de respeito, inclusão e carinho, a iniciativa contou também com solidariedade. Os profissionais envolvidos na produção trabalharam de forma voluntária. "É um momento muito especial pra mim, o que a gente recebe em troca aqui é bom demais", contou o fotógrafo Guilherme Benck.
"É um momento que se desenvolve a sensibilidade. Nos tornamos muito melhor como pessoa e como profissional também", completa Desirê Koch, diretora de um salão de beleza que participou do projeto.
fonte - http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2014/10/alunos-da-apae-viram-modelos-em-calendario-da-instituicao-no-rs.html

domingo, 19 de outubro de 2014

ROBÓTICA/EVOLUÇÃO - Robô brasileiro R1T1 é sucesso em Hospital Universitário de Maringá

Robô de telepresença faz sucesso na Semana de Ciência e Tecnologia

 robô de telepresença
imagem - foto colorida da matéria, com o Robô R1T1 com várias crianças ao seu redor no Pavilhão de Exposição, em Brasília, sendo uma torre revestida de fibra de vidro, branca, com aproximadamente, 1,6 m de altura )

robô de telepresença R1T1 não consegue passar despercebido pelo Pavilhão de Exposição da 11ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília. Guiado por controle remoto, ele atrai as crianças por sua autonomia e pelas interações por meio de câmera e tela acopladas ao “pescoço”.

Revestido de fibra de vidro e com, aproximadamente, 1,6 metro de altura, o robô teve seu nome inspirado no R2D2, personagem do filme Star Wars. Assim como seu colega do cinema, o R1T1 pode interagir com aqueles ao seu redor. Conforme o engenheiro Antônio Henrique Dianin, coordenador do Project Robot, da startup brasileira DMS Company, e idealizador do robô, o principal foco é a área hospitalar.

A primeira instituição a receber o projeto foi o Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM). Com estrutura arredondada, o R1T1não acumula resíduos e é fácil de ser esterilizado. Por isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária permite que ele circule em todas as alas do hospital, inclusive nas UTIs.
- Também pensamos nas pessoas que ficam muito tempo em um hospital. Nas pediatrias, as crianças adoram. O robô consegue tirá-las desse ambiente. Elas podem se conectar e passear em exposições como essa ou visitar outras salas de aula. O melhor é que o robô pode substituir as famílias nos casos de dificuldades de contato com os pacientes – ressaltou o engenheiro.
Segundo Dianin, o R1T1 também pode se conectar ao sistema do hospital, permitindo ao médico consultar dados do paciente. A próxima etapa será instalar equipamentos de ultrassom no robô. “Estamos idealizando uma cirurgia odontológica, com a utilização de câmeras na boca do paciente. O procedimento será feito pela tela do robô”, adiantou.
Lançado em 2013, após um ano de desenvolvimento, esta é a terceira versão do R1T1. A primeira custou R$ 100 mil ao grupo. “Consideramos o HUM nosso grande parceiro. Eles aceitaram o projeto na fase inicial, quando ainda era um protótipo bem rústico, cheio de fios e placas aparentes”, assinalou.
Para o idealizador, o R1T1 é o primeiro robô de telepresença da América Latina e um dos mais avançados do mundo, pois tem autonomia (a bateria funciona 24 horas) e movimentação. O projeto já ganhou prêmios e tem parcerias com universidades nacionais e internacionais. “É muito difícil desenvolver um projeto desse no Brasil. Além da burocracia, a visão e a cultura é muito diferente do exterior. Infelizmente, o apoio para pesquisa é maior fora do nosso país”, lamentou o técncico.
Antônio Dianin acredita que os robôs farão parte do dia a dia da sociedade em futuro bem próximo. “Ano que vem, lançaremos um robô de limpeza. Todos precisarão de um em casa. O custo ainda será alto, mas tende a baratear. Teremos robôs na educação, marketing e em games. Vislumbramos um horizonte que o cinema muitas vezes apresenta em estágio avançado. Inicialmente, eles auxiliarão nas pequenas atividades”, explicou.
De acordo com o engenheiro, haverá uma migração de áreas de especialidade. “Os seres humanos precisarão estar cada vez mais preparados, com mais estudo, de modo que transitem de atividade corriqueiras para as de desenvolvimento. Para fazer tecnologia avançada, é preciso pessoas preparadas e isso requer muito estudo. Os robôs forçarão essa migração, ao mesmo tempo que engrandecerão o ser humano”, observou.
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia será encerrada no domingo em todo país. Em Brasília, as exposições, palestras e oficinas ocorrem no Pavilhão de Exposição do Parque da Cidade.
fonte - http://correiodobrasil.com.br/tecnologia/conexao-hightech/robo-de-telepresenca-faz-sucesso-na-semana-de-ciencia-e-tecnologia/734623/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20141019
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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

MACONHA/MEDICINA - Pesquisa da USP revela que CANABIDIOL é eficaz no Parkinson

Novo tratamento é eficaz em pacientes de Parkinson



imagem - foto colorida da matéria com uma pessoa entrando de cadeira de rodas com uma porta aberta à sua frente, como representação da possibilidade do uso de canabidiol ser uma possibilidade de melhora de sua qualidade de vida.


Pela primeira vez em humanos, estudo com canabidiol (CDB) mostrou eficácia para melhorar a qualidade de vida e bem-estar geral em pacientes com Doença de Parkinson. Segundo um dos coordenadores da pesquisa, professor José Alexandre Crippa, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, com a vantagem de não ter apresentado nenhum efeito colateral”.

O professor Crippa explica que até hoje todos os medicamentos utilizados para tratar a Doença de Parkinson atuam primordialmente no sistema dopaminérgico, conjunto de receptores da dopamina, substância química que tem um papel fundamental no controle das funções mentais e motoras, como a regulação da atenção, do estado de ânimo, a memória, a aprendizagem e o movimento, por exemplo. “Essa pode ser a causa de efeitos colaterais como alucinações, náuseas, delírios e de uma outra complicação motora chamada discinesia tardia, entre outras”.

Para o professor, o CDB provavelmente atua no sistema endocanabinoide, formado por um conjunto de neurotransmissores que são semelhantes aos compostos químicos existentes na Cannabis sativa, planta de onde é extraída a substância canabidiol. “Isso pode explicar a ausência de efeitos colaterais e, com isso, dá um importante passo para uma nova opção de tratamento da doença”, diz.

Outro aspecto apontado pelo pesquisador como animador foi a ausência de flutuação nos sintomas psiquiátricos, ou seja, a variação de humor comum em quem utiliza medicamentos para controle dos sintomas não-motores da doença, como depressão e ansiedade, por exemplo, que se dão entre os intervalos de uso dos medicamentos.

O estudo

Durante seis semanas, 21 pessoas com diagnóstico de Doença de Parkinson, sem demência ou problemas psiquiátricos, participaram do estudo. Os pacientes foram divididos em três grupos, um recebeu placebo, ou seja, somente com o óleo de milho, outro recebeu o CDB a 75mg/dia, dissolvido ao óleo de milho e o terceiro o CDB a 300mg/dia, também dissolvido ao óleo de milho.  O estudo foi duplo-cego, ou seja, nem os pacientes nem os profissionais que os acompanharam sabiam a que grupo cada sujeito pertencia.

O canabidiol foi fornecido em forma de pó, com 99,9% de pureza (e sem qualquer traço de THC, a substancia responsável pelos efeitos psicoativos da maconha), por uma empresa alemã. A droga dissolvida em óleo de milho foi colocada em cápsulas de gelatina, que foram armazenadas em frascos de vidro escuro. “As cápsulas somente com óleo de milho e com CDB foram fornecidas em cápsulas idênticas”, afirmam os pesquisadores.

Todos os pacientes participantes do estudo foram avaliados quanto aos sintomas motores e não motores da doença, por meio de instrumentos que inclui o Parkinson Disease Questionnaire–39 (PDQ-39), considerado atualmente o mais apropriado para avaliação da qualidade de vida e de sensação de bem-estar do paciente com Parkinson, segundo os pesquisadores. “Dentre os sintomas motores, podemos citar os tremores, sendo que entre os não motores estão, por exemplo, a apatia e a depressão, sintomas comuns em quem tem Parkinson”, relata o professor Crippa.

Após as seis semanas de uso do CDB e nova avaliação, foi relatada percepção de melhora da qualidade de vida e do bem-estar dos pacientes. “E esse relato foi feito pelo paciente e pelos seus familiares, tanto para os sintomas motores, como os não motores. E foram significantes para os que receberam CDB a 75mg/dia e, ainda maior, para os que receberam o CDB a 300mg/dia”, comemora o professor.

Os resultados acabam de ser publicados no Journal of Psychopharmacology, da Associação Britânica de Psicofarmacologia. Além do professor Crippa, também participaram do estudo os pesquisadores Antonio Waldo Zuardi, Vitor Tumas, Antonio Carlos dos Santos, Jaime Hallak, Marcos Hortes Chagas, Márcio Alexandre Pena-Pereira, Emmanuelle Sobreira, Mateus Bergamaschi, todos da FMRP, e Antonio Lucio Teixeira, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
fonte - http://www.usp.br/agen/?p=190102
Mais informações:  (16) 3602.2201 – e-mail: jcrippa@fmrp.usp.br

sábado, 4 de outubro de 2014

AUTISMO/ROBÓTICA - Um robô auxilia no tratamento de autistas

Autistas interagem com robô que pode auxiliar em tratamento

De tecnologia francesa, NAO é considerado um dos robôs mais avançados do mundo e é capaz de reconhecer comandos de voz, gestos e toques

Japão lança robôs inspirados em animadoras de torcida - Foto: Divulgação
*imagem ilustrativa de um robô utilizado no Japão, de cor vermelha predominante, que é utilizado com se fossem os animadores de torcidas...)

São Paulo - Pela primeira vez no Brasil, pessoas com autismo tiveram contato com um robô capaz de auxiliá-las no tratamento. O Estado acompanhou, na manhã de ontem, a iniciativa com dois adultos e quatro crianças atendidos pela ONG Gaia (Grupo de Apoio ao Indivíduo com Autismo) em São José dos Campos, no Vale do Paraíba.

De tecnologia francesa, o NAO tem 57 centímetros de altura. É composto por duas câmeras, quatro microfones, dois alto-falantes e sensores espalhados pelo corpo revestido de material plástico. É considerado um dos robôs mais avançados, capaz de reconhecer comandos de voz, gestos e toques.
O que parece ser um brinquedo pode ajudar a melhorar a interação de pessoas com autismo e, assim, dar mais qualidade de vida a elas. A equipe da ONG se emocionou com a experiência. Quando o robô começou o gingado de capoeira, um dos pacientes levantou e imitou o movimento. "Isso é uma revolução", diz a psicóloga Ana Maria de Andrade.
Segundo a terapeuta ocupacional Juliana Janei, uma das características do autismo é o isolamento social. "A interação entre os meninos é mínima, dado o grau de severidade. O que vemos neste primeiro contato é que, além da interação, o Daniel (paciente da ONG) gostou da companhia." O garoto, de 17 anos, tocava o robô para continuar a ouvir música.
Estudantes de robótica de um colégio de São José dos Campos que acompanharam a experiência já fazem planos para usar o robô no auxílio de pessoas com autismo. Eles devem iniciar, nos próximos dias, os trabalhos de programação específica para atender às necessidades dos pacientes.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), há mais de 2 milhões de autistas no Brasil e 70 milhões no mundo.
FONTE - http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/autistas-interagem-com-robo-que-auxilia-tratamento
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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

SÍNDROME DE DOWN/ELEIÇÕES - Jovem gaúcho com Síndrome de Down é mesário desde 2006

'O Brasil precisa de inclusão', diz mesário com síndrome de Down

Jovem trabalha nas eleições desde 2006 no município de Santo Cristo, RS. Para família, confiança deu autoestima para estudante superar dificuldades.

Vinicius Strada, 27 anos, não abre mão de atuar nas eleições (Foto: Carina Strada/Arquivo Pessoal)
imagem - foto do jovem Vinicius Streda, com uma camisa listrada e com um microfone na mão, fotografia Carina Streda, arquivo pessoal) 
Há oito anos, o dia das eleições tem significado especial na vida do estudante Vinicius Streda, 27 anos, morador do município de Santo Cristo, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul. Mais do que um exercício de cidadania, para o jovem com síndrome de Down a data significa uma oportunidade de mostrar a todos o quanto as pessoas com necessidades especiais são capazes.
Pela quarta eleição consecutiva, Vinicius se prepara para voltar a ser mesário no próximo domingo (5). Ele assumirá os trabalhos como segundo mesário na seção número 22 do município com menos de 12 mil habitantes, em um salão paroquial no distrito de Linha Bom, área rural onde mora. A mesma função foi desempenhada nos pleitos de 2006, 2008 e 2010.
O Brasil precisa de inclusão, das pessoas com necessidades especiais (o termo correto é Pessoas com Deficiência). E a minha vontade de ser mesário surgiu para ter esse orgulho e satisfação”, disse Vinicius ao G1.
Desafiar preconceitos não é novidade para o jovem. Foi acreditando na própria capacidade intelectual que ele escreveu e publicou um livro, em coautoria com a prima, Carina Streda, que é pedagoga. Publicado neste ano, “Nunca Deixe de Sonhar”, que conta a história pessoal do jovem, já esgotou 2 mil exemplares e está atualmente na terceira edição. “Traz minha experiências de vida, as angústias e dificuldades que passei”, explica.
Para ele, contribuir com a democracia também representa um gesto de reafirmação de competência diante dos eleitores de Santo Cristo. “Quero exercer a cidadania e a democracia. Acredito muito na inclusão. Em centros de reabilitação para quem tem necessidades excepcionais”, diz o jovem.
Trabalho aumenta autoestima
Vinicius, porém, ainda tenta superar as dificuldades para terminar o ensino médio. Segundo a família, ele busca neste ano a aprovação em duas matérias que ficaram pendentes. Além disso, o jovem diz estar desempregado desde o ano passado por conta de dificuldades financeiras da empresa onde trabalhava, e que lhe ofertou um cargo dentro do programa inclusivo de contratações.
O interesse pela política e o processo eleitoral é considerado um fator fundamental para fortalecer a autoestima do jovem, diz a mãe, Cláudia Ergang, 50 anos. “Ele gosta muito porque se sente valorizado. E ele acompanha muito a política. Enquanto quiserem, ele vai continuar sendo mesário. E a Justiça Eleitoral divulgou bastante o trabalho dele aqui. Ficamos muito feliz”, afirmou ela.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS), cerca de 106 mil mesários irão atuar no Rio Grande do Sul nas próximas eleições. A Justiça Eleitoral diz que desconhece o total de mesários com necessidades especiais, mas, via assessoria de imprensa, informou que os casos ainda são “raros”.
Chefe do cartório eleitoral de Santo Cristo, Carolina Kretzmann Watthier afirma não ter do que reclamar em relação ao desempenho de Vinicius nas eleições anteriores. “Existe bastante responsabilidade, mas a responsabilidade maior é da presidência. Demos uma função de intermediária a ele. E o Vinícius está muito bem”, garante ela.
FONTE - http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/eleicoes/2014/noticia/2014/10/o-brasil-precisa-de-inclusao-diz-mesario-com-sindrome-de-down.html
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