sábado, 30 de maio de 2015

RACISMOS/PSICOLOGIA - Os preconceitos podem ser apagados dos nossos cérebros?

Racismo e machismo podem ser apagados do cérebro

Psicólogos eliminam o preconceito racial ou de gênero durante o sono ou com choques

(imagem - a foto da matéria com o ator que representava Alex, submetido a uma máquina que lhe abria os olhos com garras e muitos eletrodos fixados na sua cabeça com uma tira que prende a mesma, no filme de Kubrick, Laranja Mecânica, citado abaixo)

No filme Laranja Mecânica (Stanley Kubrick, 1971), o protagonista é Alex, um jovem violento e sádico interpretado por um genial Malcolm McDowell. Cansado de seus espancamentos, roubos e estupros, a polícia o coloca nas mãos de sinistros médicos que injetam uma espécie de soro do bom cidadão. Para ativá-lo, submetem o rapaz a eternas sessões de imagens violentas. Finalmente conseguem que Alex sinta aversão à mera possibilidade de matar uma mosca. Mas os cientistas reais não são tão maquiavélicos: bastam para eles 90 minutos de um cochilo ou suaves descargas para apagar o machismo ou o racismo do cérebro.

São poucas as pessoas que, conscientemente, se declaram hoje machistas ou racistas. No entanto, a rejeição ao outro está na base da biologia humana. Entre os seres humanos, a suspeita contra quem não é do grupo é um extra da sobrevivência. Hoje, a cultura suavizou esse preconceito, mas mesmo que inconsciente, ele ainda está lá. Isso fica demonstrado pela tendência a contratar um homem, em vez de uma mulher, ou nos casos persistentes de violência policial contra as minorias étnicas.

Para medir esse viés, psicólogos norte-americanos criaram, há mais de uma década, o Teste de Associação Implícita (TAI). Trata-se de um jogo no qual é preciso ligar imagens com palavras, como uma imagem de uma pessoa de raça negra com termos positivos ou negativos. E isso deve ser feito o mais rápido possível, sem pensar. Seu objetivo é distrair o cérebro para enfraquecer sua capacidade de resposta consciente e deixar aflorar o que você realmente sente pelo outro. Na edição espanhola, por exemplo, é possível fazer o teste Negro-Branco, Madri-Catalunha, Jovem-Velho... Uma advertência, você pode não gostar dos resultados.
Agora, pesquisadores da Universidade Northwestern (EUA) usaram uma versão da TAI com 40 alunos, a metade homens e a metade mulheres, todos brancos. Mas seu objetivo não era verificar o seu viés social contra negros ou de gênero, mas se era possível desaprender esse preconceito. Primeiro confirmaram a validade do teste. Metade dos alunos viu imagens de negros e brancos associadas a palavras negativas ou positivas. À outra metade, foram mostradas fotos de casais de meninos e meninas, com termos relacionados com a ciência ou arte e literatura. Em uma escala de zero (sem preconceito) a 1 (preconceito máximo), a pontuação média foi superior a 0,55.
Após o treinamento, os psicólogos mostraram os resultados aos participantes e pediram para que repetissem o teste, mas com a cabeça, pensando a relação entre imagens e palavras e escolhendo as não discriminatórias. Quando acertavam, o programa emitia um som. No final da tarefa, os voluntários foram convidados a dormir durante 90 minutos. O objetivo não era que descansassem, mas aplicar o que a ciência chama de consolidação das memórias através do sono. Além de reparar, o sonho é o mecanismo que o cérebro usa para fixar na memória ou descartar as experiências e lições do dia.
Quando os rapazes estavam na fase do sono de ondas lentas, ou sono profundo, os pesquisadores começaram a emitir para metade deles o mesmo som que tinham ouvido quando associavam negros com palavras boas ou mulheres com termos de ciência. Ao acordarem, como é explicado na revista Science, eles repetiram o TAI. Comprovaram que suas pontuações de preconceito tinham diminuído para 0,17, mas apenas aqueles que tinham sido embalados pelo som. Os outros mostraram a mesma pontuação.
“Nós chamamos isso de reativação dirigida de lembranças, porque os sons reproduzidos durante o sono podem melhorar a memória para a informação reforçada com estímulos do que sem estímulos”, diz em um comunicado o diretor do Programa de Neurociência Cognitiva da Northwestern, Ken Paller. Estudos anteriores tinham mostrado que, durante o sono, era possível estimular o cérebro para fixar conhecimentos e que isso poderia ser associado a estímulos sensoriais, como odores ou sons. Mas, desta vez, foram excluídos os preconceitos de gênero ou de raça.
A coisa mais surpreendente é que essa lavagem cerebral parece persistente. Depois de uma semana, os jovens repetiram os dois exames. Aqueles que não foram estimulados com o som não variaram seus resultados. Mas os que tiveram suas memórias reforçadas durante o sono com o som ainda mostraram uma redução de estereótipos, embora menor do que quando acordaram do primeiro sono.
“É surpreendente que a intervenção sobre o sono ainda possa ter um impacto claro, mesmo uma semana depois”, comenta o principal autor do estudo, Xiaoqing Hu. “Poderíamos esperar que uma única e breve intervenção não fosse forte o suficiente para ter um impacto duradouro e que seria melhor usar mais sessões e treinamento, mas nossos resultados mostram como a aprendizagem, mesmo desse tipo, depende do sono”, acrescenta.

Choques contra o racismo

O estudo não explica o que acontece no cérebro para reduzir o preconceito contra outros. Mas outro trabalho publicado este mesmo mês pode dar algumas pistas. Usando o mesmo Teste de Associação Implícita, psicólogos do Instituto para o Cérebro e a Cognição da Universidade de Leiden (Países Baixos) mediram o preconceito contra os norte-africanos entre um grupo de estudantes holandeses. Mas, neste caso, eles foram curados do racismo com choques elétricos.
Como explicado na revista Brain Stimulation, os 60 participantes foram divididos em três grupos. Todos tiveram que fazer um TAI no qual tinham que relacionar nomes holandeses ou do norte da África com palavras positivas (paz, amor...) ou negativas (dor, tristeza...). Os pesquisadores fizeram com que os estudantes acreditassem que o objetivo do estudo era avaliar a tomada de decisão durante estimulação transcraniana de corrente direta, uma técnica que ativa ou apaga certas áreas do cérebro aplicando uma corrente elétrica de baixa intensidade que, no máximo, causa alguma queimação ou cócegas.
Na realidade, apenas metade dos participantes receberam os choques enquanto realizavam o teste durante 20 minutos. O resto recebeu a corrente por alguns segundos, embora acreditaram que continuavam ligados o resto do tempo. Os psicólogos colocaram eletrodos no córtex pré-frontal, a área do cérebro implicada no controle cognitivo, como uma porta de entrada para o inconsciente.
Comprovaram que, em comparação com aqueles que receberam o estímulo falso, os participantes cujo cérebro recebeu o estímulo elétrico, mostravam uma redução significativa do preconceito racial. Para os autores, isso sugere que ao excitar o córtex pré-frontal, os indivíduos podem controlar suas atitudes implícitas e pensamentos mais profundos. No entanto, esse mecanismo contra o racismo só funciona com o uso dos eletrodos.
Os resultados dos estudos ainda são preliminares. É necessário estudar mais quanto tempo duram os efeitos e como podem ser influenciados pelo ambiente social; e descobrir o mecanismo cerebral exato que leva a essa mudança. Além disso, segundo escreveram na revista Science Gordon Feld y Jan Born, psicólogos da Universidade de Tubinga, há o dilema ético: é aceitável modificar pensamentos e comportamentos indesejáveis?
fonte - http://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/28/ciencia/1432828182_745841.html
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sexta-feira, 29 de maio de 2015

PARALISIA CEREBRAL/TECNOLOGIA ASSISTIVA - Aplicativo brasileiro LIVOX é sucesso no Google I/O

APP PERNAMBUCANO QUE AJUDA JOVENS COM PARALISIA CEREBRAL É DESTAQUE NO GOOGLE I/O

(Imagem - foto da matéria com o jovem Jhonatan, sentado em sua cadeira de rodas, com um tablet na mão, e feliz com sua utilização do LIVOX, fotografia de Inaldo Lins/PCR)

, de 17 anos, aluno do 5º ano da Escola Municipal do Engenho do Meio, no Recife, é um desses casos em que nos orgulhamos do poder transformar da tecnologia. Ele tem paralisia cerebral e se comunica através do aplicativo Livox, criado em Pernambuco. O desenvolvedor do software, Carlos Pereira, foi um dos convidados para o  I/O, conferência anual do  voltada ao desenvolvimento de aplicações.

O aplicativo, disponível para , permite que pessoas com deficiências motoras, cognitivas e visuais consigam se comunicar com maior facilidade através de tablets. O software tem catálogos de palavras e imagens que são reproduzidas em áudio quando são selecionadas ou digitadas. Os usuários podem relatar emoções, indicar que querem comer, selecionar desenhos, filmes, jogos e músicas. Premiada pela Organização das Nações Unidas(ONU) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a ferramenta também facilita a alfabetização e o estudo de conceitos de disciplinas como a matemática.
O segredo do Livox é que ele usa algoritmos inteligentes que se ajustam à deficiência de quem o utiliza e corrige até mesmo os toques imprecisos das pessoas com deficiências.
O software surgiu da necessidade de Carlos se comunicar melhor com a filha, Clara Costa Pereira, 7 anos, que também tem paralisia cerebral. O aplicativo é usado na Escola Engenho do Meio de forma piloto. A Secretaria de Educação do Recife adquiriu cinco mil licenças do Livox para usar com alunos da Educação Especial e da Educação Infantil em 2016. “Percebemos que a ferramenta também pode auxiliar a alfabetização dos estudantes que não têm deficiência, pois as imagens usadas no software se parecem muito com os cartões gráficos que os professores costumam utilizar em sala de aula para que os alunos associem as figuras às palavras, por exemplo”, explica Francisco Luiz dos Santos, secretário-executivo de Tecnologia na Educação da Secretaria de Educação do Recife.
O vídeo exibido no evento do Google, traz o momento em que Jhonatan conheceu Carlos na escola, no dia 12 de maio. Na ocasião, o jovem pediu pra dar um abraço em Carlos e lhe agradeceu pelo aplicativo. Através de perguntas cujas respostas eram sim ou não disponibilizadas no Livox, Jhonatan contou que ficou muito feliz depois que começou a usar o software e disse que outras crianças que não conseguem se comunicar também devem usá-lo. O estudante não fala, mas entende o que escuta e também compreende a Língua Brasileira de Sinais (Libras). As pessoas fazem a pergunta e Jhonatan responde com o aplicativo, que exibe figuras e algumas palavras básicas. Ele também está aprendendo a escrever.
Atualmente, cerca de dez mil pessoas utilizam a ferramenta, que está disponível em 25 idiomas. Criado em 2011, o aplicativo funciona apenas em tablets Android, mas, em breve, deve se tornar compatível com Windows e iOS (iPad).
fonte - http://blogs.ne10.uol.com.br/mundobit/2015/05/28/app-pernambucano-que-ajuda-jovens-com-paralisia-cerebral-e-destaque-no-google-io/

quinta-feira, 21 de maio de 2015

TECNOLOGIA ASSISTIVA/PESSOAS COM DEFICIÊNCIA - Criado implante que ajuda pessoas com paralisias a ter autonomia com pensamentos

Implante sem fio ajuda pessoas com paralisia a moverem objetos com a mente

(imagem - foto colorida com um braço robô  com um frasco vermelho, à esquerda, com uma mulher com os dois braços paralisados, à direita, com um homem ao fundo diante de uma tela de computador - fotografia da divulgação)

Pesquisadores da BrainGate e cientistas de universidades renomadas nos Estados Unidos como Stanford e Brown querem utilizar a conexão sem fio para ajudar pessoas com paralisia a se moverem novamente. O projeto desenvolveu um implante sem fio que pode ser integrado no corpo do paciente para enviar ordens e pensamentos para outros dispositivos. Na prática, ele torna possível ligar a tv, o computador e fazer uma cadeira de rodas se moverem pelo pensamento. "É essencial alcançar este objetivo porque os testes feitos até agora necessitam de um aparelho volumoso com um cabo. A tecnologia sem fio facilitaria a utilização do paciente em casa", explica Donoghue.

Para que isso se torne possível, em primeiro lugar, é preciso interpretar os desejos do cérebro e os comandos de movimentos que são dados por ele para executar cada ação. A tarefa é muito complexa porque os padrões elétricos que os neurônios desenham ao fazer algo simples como tomar uma bebida variam a cada dia. "Não sabemos exatamente o que causa a mudança. Estar com fome, por exemplo, pode alterar o padrão. O que fazemos é deixar a máquina aprender a interpretar diferentes padrões com o mesmo fim", explica John Donoghue, um dos líderes do projeto.

Como funciona? 
Segundo o pesquisador, o processo é parecido com o da ativação dos pixels de uma TV: “Se você olhasse atentamente para uma TV, veria o flash de um dos pequenos quadrados que formam a imagem. Olhando de perto não faz sentido, mas vendo o quadro inteiro, faz. Nós fazemos exatamente isso: tomamos amostras parciais e, em seguida, reconstruímos o padrão. E surpreendentemente ele é bastante simples. Ele muda quando você deseja mover a mão para cima, para baixo ou para a esquerda”, conta Donoghue.
Depois disso, o impulso cerebral é traduzido na linguagem binária, que pode ser interpretada por um computador, e a ordem é enviada a um dispositivo externo, como um braço robótico ou um exoesqueleto.

Outras aplicações

De acordo com os cientistas, a interface de comunicação entre cérebro e computadores pode ajudar a superar outros tipos de deficiência, como a de pessoas com membros amputados, por exemplo. O líder do projeto aposta que a tecnologia pode chegar ao mercado antes do que se imagina: “Eu sou uma pessoa otimista e acho que em cinco anos, as pessoas com deficiência serão capazes de usar essa tecnologia em casa para e recuperar sua interação com o mundo"

fonte - http://olhardigital.uol.com.br/noticia/implante-sem-fio-ajuda-pessoas-com-paralisia-a-moverem-objetos-com-a-mente/48654
VEJA O VÍDEO: